O crítico de arte do
Guardian está esbracejando com as mãos no ar em
revolta com a mais recente exposição de Ron Mueck. Mueck mudou-se para Edinburgh durante este mês para encher as salas das
National Galleries enquanto as pessoas vão enchendo as ruas. Agosto é o mês do Edinburgh Fringe Festival, o maior festival de teatro e comédia de todo o mundo, onde nascem para a vida quase todas as pessoas que vamos todos amar daqui a uns anos.
O que Jonathan Jones não admite é que alguém possa, e já nem digo amar, mas sequer achar parcialmente giro o trabalho de Mueck. Mueck é um artista australiano que faz enormes esculturas hiperrealistas do corpo humano, mas de um corpo humano específico. Um corpo quase sempre feio, às vezes em situações extremas, ou em esforço ou resignação. Os corpos são sofridos, doem-nos também, enjoam-nos nos olhos mas temos de lhes voltar.
Quem gosta da obra de Mueck, diz Jones, devia sair à rua mais vezes. Devia ir ver exposições dos grandes mestres. Não devia vir atrás dos modelos de Mueck só pelo circo mediático que o persegue sempre.
E continua a esbracejar, e aos berros. Ron Mueck é um daqueles fenómenos que só vamos perceber mesmo quando olharmos para trás daqui a uns anos largos. Eu gosto dos modelos, porque me vejo a olhar para eles mais fundo e mais tempo. São arte? Não sei. Não ocupam o lugar de ninguém nem se substituem a nada. São mais uma maneira de falar, num outro tom de voz, e com outras palavras. Às tantas o coração que têm debaixo da resina vai bater-lhes durante pouco.
RC[Para uma dose de antiácido, o que outra pessoa mais bem disposta escreveu sobre a exposição.]
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