A nobreza de um povo está no requinte das ameaças. Na economia visual. Está no talento de encolher o maior número de pessoas com o menor número de palavras. É por estas e por outras que somos um grande povo. Classe hein? : isto é classe.
Reparei no outro dia que somos provavelmente o povo que mais palavras tem para o conceito de puxar o braço atrás, e quando a mão aterra CAPAM! já toda a gente sabe quem manda. O estalo. Daqui a bocadinho estou já aí a distribuir chapos. O estalo.
Inicia-se aqui, então, uma recolha de sinónimos de estalo. Contribuam. Tenho a impressão que no fim disto vamos chegar à conclusão que temos tantas palavras para estalo como os Inuit têm para neve.
Mas até nisso fazemos sentido porque cá cai-te mais depressa uma galheta do que uma levada de neve. RC



No meio disto tudo convém não esquecer que
(ora hoje amanhã e depois)
daqui a três dias vou estar a ver este garoto. RC



Se passares por aqui
(correcção se o mundo der dois mortais para trás e cair de costas e então passares por aqui
assim é que é)

RC,



[Nota da Redacção: este post é chapadinho de um que eu fiz aqui em abril, mas a ausência de coragem continua a ser uma grande porra].

Nunca tivemos tempo, não é, uns para os outros, e agora é tarde, estupidamente tarde, ficamos assim a olhar-nos, ausentes, estrangeiros, cheios de mãos supérfluas sem bolsos para ancorar, à procura, na cabeça vazia, das palavras de ternura que não soubemos aprender, dos gestos de amor de que nos envergonhamos, da intimidade que nos apavora. (...) Nunca é agora entre nós, é sempre até domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.

[in ANTUNES, António Lobo, Explicação dos Pássaros, p23]



- Só mais um bocadinho
tenho andado por estes dias a adiar-me, e dou por mim com uma série de coisas por fazer
- Aguenta só mais um bocadinho
tenho de respirar tudo o que já não respiro desde quinta-feira, tenho almoços e jantares em atraso, dos pequenos-almoços já desisti não consigo comer de manhã, consigo só tropeçar nas coisas para me lembrar delas
- Isso só mais
lembro-me com os pés que tenho quadros para pendurar
- um bocadinho
e tenho tempo só de procurar a chave do carro com os cotovelos tenho trabalhos até ao pescoço, tinha trabalhos até ao pescoço
- E
fiz muitos deles enquanto procurava a chave
- descansou
só para poder agora sentar-me descoser os músculos e estendê-los na corda da roupa como um fato escorrido de ginasta sem ginasta dentro. RC





E que só se pode dia 13. Pois. RC





Cut to credits. The end. RC



Encontrem-se com quarenta minutos de vida em que não tenham vida para os encher e sentem-se nas palavras deste senhor.





Peter Hi, John, how are you this evening?
John I've got a bit of a cold.
Peter Good, excellent.
John I said I've got a bit of a cold.
Peter Pardon?, you'll have to speak up a bit, I've got a bit of an ear infection.
John (a bit louder) I've got a bit of a cold.
Peter Yes, you sound as that you're a bit blocked up.
John Sorry?
Peter (a bit louder) I said you sound as that you might have a bit of a cold.
John I'm sorry, you'll have to speak up a bit 'cause I'm a bit blocked up.
Peter Pardon?
in People Like Us (Radio), series one, episode seven.





Haverá um dia em que eu consiga escrever em condiç/oes? RC









Roy Mallard From Aspirations it's only about a ten-minute walk to Heathcote Road Police Station, but Dave wanted to show me his car, so we had a look at it before we went. The station itself is a 1950s red brick building that looked very like those 1950s red brick schools that look like police stations.
in People Like Us (Radio), series two, episode five.



Durante uma semana, The Smoking Room.



Mandaram-me aquele texto, batido à mão, e pediram-me que o pesasse, e que dissesse de forma bem clara
(e sistemática se fosse possível não vamos esquecer a sistemática das coisas)
o que está bem e o que está mal, e do que está mal o que está melhor e o que está pior, e do que está pior o que está menos mal,
- Sabes apetece-me escrever
disse-me ele
- apetece-me
e a palavra aos pontapés
- mas não sei o que é preciso saber
- Não importa para nada o que tu sabes
interrompi
- se escreves é porque não sabes
e esta frase teve mais ou menos o efeito que eu esperava que tivesse, e se não teve pelo menos calou-o
- se soubéssemos as coisas
continuei
- não as escrevíamos, chegava-nos pensar, se as escrevemos é porque esperamos ficar a perceber
tenho mesmo a impressão que cheguei a levantar ligeiramente o nariz ao dizer isto, porque ele encolheu todo o músculo da cara e quase perdeu os olhos debaixo da testa,
lembro-me muitas vezes de um amigo do meu pai, que sempre me tratou por senhor engenheiro
- Bom dia senhor engenheiro
de todas as vezes numa rigidez de nó de gravata e de calças vincadas, a quem cheguei a entregar jornais no verão de oitenta e quatro
- Bom dia rapaz
- Bom dia senhor Borges
um velho homem de palavras, dos que ainda escrevem football, daqueles que reservam para os livros os bons vinhos, como se fossem visitas, como se fossem presidentes ou ministros do reino
(ou escritores, ou bons escritores, estava sempre um segundo copo cheio ao lado da lareira)
que um dia me disse
- Se alguma vez sentires que queres escrever
(e acho que imediatamente quis)
- pousa a caneta e lê
(e acho que imediatamente quis)
e apontou para a estante
- este
- Qual?
- Este
apontava já para outro, de olhos fechados
- ou este ou este ou qualquer um destes ou aquele ou
e esticou o braço para o fundo da prateleira e tirou um livro, pequeno, vermelho,
- As folhas estão em branco, todas,
- Depois de leres qualquer coisa, tenta ler este, e as palavras vão aparecer no papel
e eu parei de olhos vazios também
- aparecem sempre
- Só há duas regras
acho que vou acrescentando regras novas de vez em quando nem que seja para não estar sempre a dizer o mesmo
- para escrever, um não ter medo das palavras e dois saber do que se gosta, sabes do que gostas?
ele foi desatando o nó da cara e desmaiou um
- Sim
- Sim?
desta vez sim
- Sim
- Então escreve e escreve sempre para ti
- Mas e
(mas e o quê?)
- e vocabulário e gramática e pontuação e estruturas e narrativa e diálogo e personagens e tema e esse tipo de coisas?
(sim esse tipo vago de coisas)
- Eu disse regras para escrever, nunca disse regras para ser lido. RC



Roy Mallard Excusez-moi, je cherche Henri's bar.
Woman Comment?
Roy Mallard Pardon?
Woman Comment?
Roy Mallard Henri's bar, je cherche-le, it.
Woman Vous êtes alemmand?
Roy Mallard Pardon? Hmm, comment?
Woman Allemand, Sie sind Deutsch?
Roy Mallard German?, oh sorry, I didn't realise, I don't speak--, je ne parle pas-- I mean, ne sprechen das, you know--, right, well then, hmm, merci, guten Abend, thank you-- oh I don't suppose sprechen Sie anglais, english, peut-être?
Woman No way.
in People Like Us (Radio), series two, episode three.





É cedo, pensou, cedo demais, o ar começava só agora a aquecer e os relógios iam, aos poucos, desentorpecendo os ponteiros da rigidez da noite, O mundo ainda não acordou, os pássaros ainda dormem nas árvores e as próprias árvores descansam ainda, quando estava a entrar no barco
(eu não devia estar a escrever isto)
às cotoveladas aos sacos, Pararam de crescer, recolheram as raízes e estendem-nas agora outra vez, enquanto as pessoas se encostavam ao fundo das cadeiras e procuravam pela última vez olhar para a cidade, Com que sonharão as árvores quando dormem?, que se ia levantando com o cheiro do pão e do nevoeiro
(não devia)
e que se rearrumava de casas e de ruas, Se calhar sonham com os pássaros, como todas as manhãs, à porta do quiosque aninhava-se um monte de jornais, os candeeiros pingavam ainda uma luz cada vez mais pálida, Ou então com as pessoas que lhes escrevem nos troncos com as pontas das facas, e de dentro do barco todos procuravam um bocadinho de cidade que pudessem levar consigo, para sempre, Escrevem amo-te,
(não sei nada sobre barcos nunca estive num)
a mulher de vermelho escolheu o cão estendido no cais, o homem com o jornal topou um banco no jardim, Será que é por isso que as árvores morrem?, e a criança que ia com ele encontrou, ao lado do banco, o baloiço, e a senhora com o chapéu procurou pela janela uma fonte, e sentiu-lhe a água nas mãos, e foi quando todos tentavam agarrar-se à cidade, deixando autocolantes nas coisas e fios atados aos pulsos, Porque não se amam mais as pessoas das facas?, que o barco largou
(sei que andam no mar e que raramente regressam, e que se regressam já não é ao mesmo sítio nem pelo mesmo mar)
e os olhos ficaram guardados na cidade, nos cofres dos bancos, e os que não ficaram foram deixando um rasto de migalhas na água, para as gaivotas
(não é ao mesmo sítio porque não é pelo mesmo mar)
e para saberem voltar, Porque é que não se amam mais?, quando quiserem, porque vai chegar o dia em outros sítios onde a manhã tem outras cores, e outros cheiros, os contornos da cidade iam vagando de linhas com a distância, todas as paredes se pintavam de nevoaça, e os jardins respiravam um tom mais cinza de verde, Deve ser essa a força das grandes árvores, das árvores eternas, um amor que não morreu, a mulher queria lembrar-se do cão mas ele não se via, nem o banco de jardim, nem o baloiço
(se calhar devia andar de barco)
escondiam-se todos atrás do mar, e quando se perderem essas coisas todas vai ser preciso voltar, as pedras da cidade transformavam-se em nuvem
(para poder escrever)
e redesenhar a cidade sempre do início, e relembrar a forma de cada uma, Como quando éramos putos e era verão, e imaginávamos na relva as pessoas que viviam nas nuvens. RC



E se as crianças que brincam com carros lhes obedecessem à mecânica, e às regras das rodas, e nunca os levantassem das mesas, nem por um segundo, e nunca lhes abanassem o condutor contra as janelas e o volante, e nunca os pensassem de brincar, de plástico?
(e nunca se lembrassem que são de brincar que são de plástico)
e se toda a gente doasse os seus cigarros apagados, se os pusesse outra vez dentro dos maços e os fosse entregar à igreja para espalhar pelos pobrezinhos, como se fossem cinzeiros?
será que os carros dos putos têm seguro, contra quedas, riscos, calcadelas, contra a água da banheira ou formigas no motor, contra colarem-lhes mal os números no capot, contra tirarem-lhes os pneus para fazerem de anéis e não os saberem pôr de volta, será que os carros dos putos têm seguros contra raparigas? RC



Segue-se um texto em três partes a serem publicadas uma por dia a partir de hoje, e assim na terça-feira quando o entregar já vai ser todo copiado da internet.

Pergunte-se a qualquer pessoa que escreva para viver (e não para fazer dinheiro,
só num sítio tão semanticamente aos trambolhões como este mundo que temos é que as duas podem significar o mesmo)
o que é para elas escrever e nós vamos responder, mas naquele compasso arrastado dos velhos metrónomos, com a voz enferrujada de quem só fala quando é preciso
ou pelo menos eu vou que Escrever
(- Porque é que escreves assim porquê que às vezes não se percebe nada porquê há alguma razão para os parágrafos a meio das frases e para um único ponto final no fim do texto isso é para quê hein porquê?)
é não ter medo das palavras,
só,
depois cada um tem as suas próprias regras,
há um velho general que largou uma mão na guerra, e que a deixou no chão para que ganhasse raízes, e que todos os dias escreve à mulher
(Maria meu amor 1935-1982)
sem nunca usar palavras vermelhas, que todos os dias lhe conta um mundo sem cerejas, sem semáforos, sem dias de mau tempo, sem amigos deixados no chão, sem lágrimas,
até o amor deles é verde, da cor do mato, da cor da árvore que lhe nasceu dos dedos,
há quem não aguente a palavra coisas, porque é sinónimo de quase tudo, como se quase tudo fosse o mesmo, e olha-se e vê-se que não é,
eu próprio não suporto pontos de exclamação, soam-me sempre a frases de caixa de voz, soam-me a actores de província e a cenários de cartão
- Ande lá amélia diga lá essa frase em termos
de portas amarrotadas e janelas de celofane
- já lhe disse mais de cuma vez que é preciso vida
batem nas costelas e ecoam de megafone
- vá lá do fundo da barriga vamos
e a frase encaracola-se no tecto, entoa de pirueta e cai, de braços em pé, com uma imponência de palhaço rico
- levante a cabeça e diga lá isso outra vez
de sorriso de pó na cara. RC







Foi ontem no 6ª, o suplemento de coisas bonitas do DN, um pedaço do novo livro de Lobo Antunes, que sai na segunda ou na terça. Não me parece que possa
(legalmente isto é)
pôr aqui bocados do pedaço do novo livro, mas por uma frase não me hão-de matar
até porque
(senhores agentes hein atenção)
vou comprá-lo às dez horas do dia em que sair,
ok?
cá vai,

Meu Deus o que me apetece que chova, escutar o telhado, o alpendre, as janelas, as folhas, tudo aquilo que não existe a não ser que a água ou o vento
- Repare
apontem com o dedo,
(...)

[Em contrapartida, alguém que acha que escreve escreveu isto no DN Jovem
(...) quero um texto que mexa. Que mexa e faça mexer. Um texto-colher. (...)
portanto dor.]
RC







Mandaram-me um texto para que o pesasse, pontuado de gordura
(obviamente arrancado a uma toalha de restaurante)
e rasurado a manchas de café,
entregaram-mo mesmo do meio da mão, de onde os dedos se insuflam de sangue, com um orgulho esmaltado de parede de ventrículo, físico, forte
e as mãos vazias agarravam aquele tipo de gozo infantil de já saber apertar os cordões, de nunca se ter dito aquilo daquela maneira, de ter encontrado uma página escondida do dicionário com substantivos de que já ninguém se lembrava, e de os saber ordenar em estruturas de pirueta tendo em conta o ritmo, a aliteração e o peso mastigado de cada palavra, e a cor, e o cheiro
- Lê
(sentia-se no papel ainda o sabor de borracha do almoço, da esponja do bife e da gordura de motor de automóvel das batatas)
- e diz o que é que achas
(sentia-se na língua o tempero metálico dos talheres e o vidro de cinzeiro dos copos)
- que este estou convencido que é daqueles bons
(sentia-se o açúcar de areia do café, áspero, pedregoso)
e logo na primeira linha três vezes a palavra olhos e quatro a palavra tu
(como é isso possível nem sei)
e por ali abaixo mais umas quantas considerações sobre a mecânica do coração ou outra qualquer frase de sopa de pacote,
e novamente os olhos, e treze vezes tu
numa hemorragia repugnante de mijo, como se atrás dos pulmões não estivesse um punho fechado mas uma bexiga de plástico a bombear em círculo para os dedos dos pés e para os olhos enevoados de candeeiro de rua
- Então?
ou para as mãos doentes em forma de apara-lápis, ou para as cabeças desiludidas que acham que um desgosto tem sempre os catorze versos de um soneto
- Então?
e que isso basta para escrever
- não está tão bom?
como se cada porra de lágrima engolida fosse uma gota de água do Parnaso e todos os corações partidos fossem máquinas de poetas,
como se os olhos alguma vez sorrissem,
qualquer frase com a palavra olhos
- Tudo o que eu sinto está aí
(e isto vem nos livros)
é só mais uma coisa que ficou por dizer, que é só mais uma coisa que ficou por ouvir
- Então está bom ou não está?
como se as palavras tivessem culpa,
reli o texto mecanicamente, só com os músculos dos olhos
(substantivo comum masculino plural vírgula órgãos da visão ponto final)
e lembrei-me de todos os que já escrevi iguais àquele, também numa sangria diluída de lágrimas, e disse pela ponta do braço
- Está sim está muito bom. RC


chegou

0 comments





(O cangalheiro tinha-se esquecido da fita métrica e resolveu medir o defunto manualmente. Foi então que)
acabou de medir e chegou à conclusão que ele tinha um metro e setenta e seis, possivelmente setenta e sete. RC



(O cangalheiro tinha-se esquecido da fita métrica e resolveu medir o defunto manualmente. Foi então que)
se arrastou uma mulher pela porta
- O que é que ele está a fazer ó mãe venha cá depressa ai credo
começaram os gritos a agarrar-se aos cantos das paredes
- Alguém que lhe assente dois pares de estalos mais um valha-me o santíssimo ó mãe que não há respeito por ninguém
e dos rodapés parecia sair gente em guinchos concordantes de rato
- O que é que foi mas o que é que se passa mas o que foi o que foi?
e o que é que foi de facto, porque o cangalheiro lambia já a parede com as costas como se tentasse entrar pelo estuque
e o que é que se passa de facto, porque nem as mãos vazias do cangalheiro nem os olhos abertos de perguntas conseguiam calar a mulher
- Ó mãe corra cá ai pela saúde do paizinho que deus o tenha valham-me os santos todos que há
e os santos todos que há olhavam uns para os outros como toda a gente na sala, e mesmo a própria sala se encostou de cara escondida num canto
- Mas o que é que ela tem
- Sei lá o que é que ela tem
- Mas então o que é que ela tem?
- Não sei
- Mas
e as vozes misturavam-se de timbres contra o tecto
- Ó mãe ó mãe ai ó mãe
continuava a mulher por trás dos olhos fechados de pesadíssimos portões de ferro, e ia fazendo por acrescentar aos berros que
- Já não há respeito por nada por nada
e que
- Um homem tão sério que o paizinho era
e que
- Nem eu deixo que me façam coisas destas
e ai credo que
- A ver deixar deixo mas não gosto nem um bocadinho
e em vez de um ponto final ou uma vírgula vinha mais uma conjugação de choro no presente em todos os pretéritos e no futuro e pela fila soluçada de
- Se se se se se se se
também o condicional das muitas hipóteses, como os deltas dos rios ou os ramos das árvores
ou então era só o mesmo choro sempre reciclado e soluçado sempre outra vez
- Eu não fiz nada eu juro que não fiz nada
- O que é que você fez?
- Eu não fiz nada eu juro que não fiz nada
- Ai o malcriadão
- O que é que você fez?
- Nada eu não fiz nada
os candeeiros que estavam acesos faziam por tudo para não partir, o vidro segurava os tendões pelos dentes
- Aaaaiiiii
e quase não conseguia, o pó do cangalheiro quase se desprendia do fato
- Laura laura abre os olhos rapariga
- O malcriadão o filho da
- Laura
- O
- Laura
- O grande
- Laura
e do outro lado da sala, como um grande espelho que pára o tempo para poder cair majestosamente ao chão, voou um estalo
- Slap
e mão deixou de doer, deixou de borbulhar de sangue, pegou num papel do bolso amarrotado das calças, escrevinhou qualquer coisa com o lápis que devolveu à orelha e disse, pelos nós dos dedos, de dentro do pano
- Um metro e setenta e seis
antes de ajeitar a boina no sítio com um Boa tarde. RC





Dezassete das caras de robert webb até ser o dia de eu estar aqui e ele
(braço esticado)
ali. RC





Roy Mallard Can you remember the farm without a tractor?
Michael Oh, yeah, I've got good memory, I don't need a tractor.
in People Like Us (Radio), series one, episode one.





[Título roubado a Woody Allen.]

As folhas brancas despertam-lhe o mesmo impulso físico que uma tela branca a Picasso, para que a encha, para que escreva o que lhe sai das mãos quase mecanicamente, rápido, sem pensar demais, só para a folha deixar de ser branca. As ideias, em vez de as fazer esquemas e diagramas e manifestos de intenções, fazem-se logo palavras, que pingam inevitavelmente como os fios que ligam as cabeças das pessoas, porque os textos acabam por ser tão ou tão pouco lineares como o são as pessoas que os escrevem. E, afinal, também as pessoas são tão ou tão pouco lineares como as coisas que lêem, e os filmes que vão absorvendo lentamente através da pele, e a música que lhes regula as paredes do coração. A mesma música que ata fios às pontas dos braços e que deixa escrever, a música que dá corda aos mecanismos da cabeça e que torna os textos musculares, paridos com dor, criatividade não há, criatividade é a mestria adquirida de esconder bem a dor que os textos levam a parir, mas acaba por não haver outra hipótese senão continuar, sempre, a escrever, ou as palavras ficam-nos a doer nos ossos. RC







Com um novo cd a sair para o ano que vem,
e entretanto um single que deve estar a sair não tarda mesmo nada,
Patrick Wolf vai-nos dar ao longo das próximas semanas uma série de seis vCasts,
e no primeiro deles, uma música do novo cd, chamada Bluebells.



Aqui pode-se ouvir também uma entrevista do puto Patrick com aquela que é, provavelmente, a pior fazedora de entrevistas de sempre. RC





Em vez de estar a dizer
- Ehpá o sujeito só ganhou porque armou escarcéu lá na terra dele se ele estivesse muito caladinho ninguém se lembrava dele
e mais não sei o quê, vou calar-me, porque nunca li, e vou dizer só que há dois livros publicados em português,
A Cidadela Branca e Os Jardins da Memória
e por isso depois falamos.
Mais sobre o senhor aqui e aqui. RC



Estão à espera de quê? RC



Io
ho
tu
hai
lui
lei
Lei
ha
noi
abbiamo
voi
avete
loro
hanno. RC



Cada vez mais me convenço
e deve ser da idade e das dores de costas e desse tipo de coisas
que o verdadeiro e supremo objectivo das férias é encontrar sítios pelo mundo fora onde nos podemos deitar no chão e fechar os olhos
e deixar que a cidade nos entre aos poucos, pelo corpo.
(Como quando em Barcelona me deito em Park Güell, debaixo daquele sol de azulejos verdes, e um senhor com um violino me devolve lentamente cada vez mais ao chão, e ao sono leve dos sítios quentes.)
Em Londres, não há Londres sem uma tarde na Tate Modern,
(o melhor museu de arte contemporânea de que me lembro, na margem direita do Thames, que por sua causa precisamente se está a tornar num sítio trendy)
e nos degraus da grande rampa
(ver fotografia 1)
e uma pessoa encosta-se ali e o museu todo continua a viver à nossa volta,
a loja mesmo ali em frente, as filas tolas para as bilheteiras, as escadas rolantes para as exposições, o povo, o tanto povo, de olhos no tecto, as pessoas à varanda,
e depois, aos poucos, quando o orgulho de haver sítios assim no mundo nos pôs já bem dispostos, levantamo-nos com o sorriso que podemos ter para que não nos pensem tolinhos e seguimos, hipnoticamente, para os andares de cima, para os quadros.
Isto tudo a propósito de uma exposição que abriu ontem em Turbine Hall
(precisamente este sítio de que falei agora)
e que consiste, basicamente, em escorregas.
Carsten Höller usa-nos e à Tate para lançar as bases de uma experiência que pode ser, quem sabe?, alargada à cidade, e a outras cidades, e para fazer a pergunta E se os escorregas fizessem parte da nossa vida?
A sério, quem não queria ir todos os dias de escorrega para o trabalho? RC



[Mais fotos aqui.]




[Capa da primeira edição, 1922.]

Alguns dados sobre o livro que me proponho ler agora:
Páginas, 933
Linhas de texto por página, 34
Palavras, 267000, de um vocabulário de 30000
Anos que levou Joyce a escrevê-lo (enquanto fugia da guerra), 7
Espessura do livro, em papel de bíblia, em centímetros, 4,5
Tempo que me vai levar a lê-lo, em dias,
hmmm,
vai ser giro vai. RC



A seguir à ultima palavra de um livro vem sempre uma espécie de luto feliz, um chorinho pingado de coração quente, de aconchego de lareira, como as despedidas de lágrimas engolidas em estações de comboios antigos, em plataformas oleadas de fumo, com sorrisos musculares ensaiados ao espelho para o último instantâneo, para a memória que fica, fotográfica, fechada e definitiva, como um ponto final.

Se há alguém responsável por eu escrever desta maneira,
responsável ou culpado conforme,
é este senhor, e os seus longos poemas de sangrar os músculos para dentro das folhas.
A culpa é da música, da crueza milimétrica das palavras, do requinte de escansão ao mastigar os fonemas,
a culpa é do fio entrançado, repetido, martelado, das ideias
das ideias das ideias das ideias,
se há alguém responsável por eu escrever desta maneira é este senhor. RC

Nome: Explicação dos Pássaros
Autor: António Lobo Antunes
Formato: 257 páginas
Dimensões (em centímetros): 1,6 x 23.4 x 15,4
Data de publicação: Novembro, 2004 (1ª ed., 1981)
Assuntos relacionados:
Descrição: Na manhã bolorenta de humidade consegues, por fim, que te expliquem os passáros.
Tipos de letra: ?
Primeira frase do livro: - Um dia destes dou à praia aqui, devorado pelos peixes como uma baleia morta (...)
Última frase do livro: (...) conseguiu distinguir (...) os contornos da cidade do outro lado da ria, que se apequenavam devagar até se sumirem por completo no nevoeiro descolorido da manhã.
Dedicatória: Para a Marília e o Dinis Machado - Amigos e companheiros de caminho.





Robin The view is slightly better from this side.
in The Smoking Room, series two, episode six.



Annie Anyway, it was the aliens who've put us here on the Earth in the first place.
Janet Don't talk such rubbish. That was God.
in The Smoking Room, series two, episode five.



A propósito do Volver, de Pedro Almodóvar, que não posso recomendar demais. Este texto foi tanto mais difícil de parir porque nunca na minha vida tive uma aldeia.

O IMPORTANTE É QUE VOLTES,

Ser requer um sítio onde possamos estacar raízes, um quadrado de chão fixo, dormente, em pulsação controlada de urso, com o tamanho dos pés e fundo como o comprimento de dois braços, o chão que arrastamos nas solas dos sapatos, sempre, onde nos pousamos e que nos saiba devolver de volta, pelas pontas dos dedos, as respostas que pedimos sobre nós. O importante é que voltes, sussurram as aldeias aos carros que partem, O importante é sempre que voltes, que guardes no fundo dos pulmões sempre uma garrafa do ar de cá, ouvem-se os naperons em cima dos televisores, Que é o que te segura nos pés quando estás longe, se calhar é o cheiro que transpira da terra, da respiração cansada e arrastada dos campos, em bafos quentes, que nos fecha os olhos de cortinas de pálpebras e nos refaz ontem, se calhar é o perfume velho das casas, dos saquinhos de cheiro e das mantas dos sofás, se calhar são os homens aninhados do fogo contido dos fogões, se calhar é a chuva que acorda e abana o ar com o hálito aconchegante do chão. Toda a gente leva para o trabalho todos os dias o seu bocado de terra nos bolsos, como debaixo dos bonecos desenhados pelas crianças, de calças brunidas em rigidez de circunflexo e de braços de ramos de árvores, a riscos hesitantes de lápis de cera, e cabeças de bola, há sempre uma linha de chão, interrompida, e debaixo de cada homem a sua, e debaixo das árvores, e das casas. Ao longe, nas cidades, cruzam-se todos esses pedaços de chão, repete-se nos subúrbios em casas amontoadas a mesma vida interminável e congelada das aldeias, de relógios de sombra e rios esgotados. Os carros que voltam trazem coisas que ficaram por fazer, transidos de medo por terem virado costas ao adro da igreja ou ao tanque do quintal, e as viúvas, num rito zumbido de mármore, juntam-se para segurar o passado à força, um cemitério traçado a régua e esquadro e fundo como o comprimento de dois braços que esperam, abertos, que as memórias nos devolvam, numa marcha hipnótica de formigas, precisa, às mesmas casas, e às mesmas gentes, e aos mesmos mortos que ainda lá vivem, dentro das mesmas pedras. Ser é tocar em alguma coisa, e ser tocado de volta. RC





Isto é o que em certos círculos do estrangeiro se chama de bloody-clever-titlemaking, porque duma assentada aviei logo duas verdades sobre livralhada,
a que afinal não foi ontem que se anunciou o Nobel da Literatura deste ano
(quinta feira doze de outubro pelas onze da manhã gêémetê
meio-dia de cá parece-me)
e que Lobo Antunes, pessoa que admiro com bastante força, lança este mês mais um livro, chamado
Ontem não te vi em Babilónia
e a propósito disso,
Jerusalém, Jerusalém, vou-me impregnando de ti. De início não gostei da monotonia da pedra das casas, do vento de giz, da aspereza indiferente das montanhas. Depois isto vai entrando na gente sem nos darmos conta. Se calhar a minha avó, viúva, andou por aqui numa dessas excursões de senhoras de idade à cata de um Deus de catecismo, paroquial e estreito, que não me pertencia (...)
[da crónica da Visão de 10 de março de 2005.]



E é hoje, quando falta precisamente um mês, que se sabe mais sobre o próximo single do camarada neil. Para já, à primeira capa que surfaceou
(neologismo espremido à pressa porque não me lembro da palavra em português para emergir pois é isso mas não é bem)
junta-se agora outra,



que tem tanto estilo como a primeira, e sabem-se agora os b-sides a que temos direito,
uma cover de Lili Marlene,
uma early version de Sticks & Stones, do cd anterior,
e uma NOVA NOVA música chamada Miss Sharapova, sobre a qual só me arrisco a dizer isto


[mais fotos aqui]


(...) Hmmm. RC



No fundo do baú junto das coisas que têm pelo menos dois anos.

§ Entrega essas coisas todas desenhos riscos que representam bocados de terra onde está frio pela manhã Sabem que quando forem arquitectos não vão ter de fazer isto nessa altura vão pagar a pessoas que vos façam isto e vocês podem ficar em casa a masturbarem-se nas vossas casas de banho de mármores italianos, dizem-nos mas nós não os ouvimos ou se calhar ouvimos mas não acreditamos que as pessoas respeitáveis que têm papeis encaixilhados pendurados na parede, A sociedade gosta muito destes papéis assim podemos ser desempregados mas com prestígio, digam coisas destas e que usem o processo Oh mãe! quinze vezes na mesma aula para fazerem de conta que são jovens como nós, despeja essas folhas todas esses riscos na mesa da professora Tome lá você nem faz ideia no que eu deixei de viver para fazer isto e elas sorriem e agradecem e vão imaginando coisas feias para dizerem Que isto sirva de aviso continuas assim e não passas e nós Sim senhora professora muito obrigado por nada obrigado por não me deixar existir e por me tentar fazer sentir bem com isso como se a raiva convertida em traços ou será a neura convertida em traços garantisse boas notas tome lá estas folhas e deixe também de viver a analisar trabalhos que não são seus enquanto eu tento viver um bocadinho.
§ Um carro vermelho contigo lá dentro não combina é como um semáforo que é azul por falta de lâmpadas se bem que as lâmpadas são todas iguais e o vidro é que é pintado de cores diferentes como os papéis dos Flocos de Neve que forram a lâmpada e nos dizem que não podemos andar, sabes onde é que podíamos ir este fim-de-semana? A Santiago de Compostela, não é longe uma aceleradela e estamos lá de preferência inteiros e a receber-nos o senhor Siza de braços abertos, não o da mala o que ia para uma ilha tropical mas o dos prédios o das pedras que se amontoam e tentam convencer-nos que estamos bem onde estamos, no outro dia também comprei uma revista de arquitectura, antes de tu teres comprado aprendizagem observacional dá-me vómitos ou então não dá e só vou ficar feliz quando puser toda a gente a ler Lobo Antunes e a ouvir o Neil, mas comprei a revista porque vinha com um livro dos prédios do Siza agarrado e lá estava o de Santiago a dizer-nos Vocês nunca vão conseguir fazer nada deste género assim em bom mas podem ir tentando, e as pedras iam ganhando forma de paredes e iam ecoando um riso maléfico que nos tenta convencer a desistir mas que quer o nosso erro e o nosso fracasso.
§ Vamos lá vamos andar naquelas paredes e vamos mudar de ares e mudar de pedras, sempre as mesmas pedras sempre os mesmos ares não podem fazer bem a uma pessoa e vai para três semanas que não nos vemos nós ou pessoas parecidas connosco aprisionadas numas vidas sempre iguais e que querem papéis com riscos para se sentirem felizes, nós ou pessoas parecidas connosco que precisam de falar urgentemente de uma vida que não levam, agora já não temos o templo para ecoar as nossas vozes ou então um rapaz desafinado a cantar um Neil Hannon a quem já não deixavam gravar discos, e quando as nossas vozes substituem um rádio que desistiu de tocar ouvem-se dois timbres que funcionam no mesmo comprimento de onda e que desafiam as leis da acústica Dois timbres diferentes e com o mesmo comprimento de onda?, perguntam os senhores cientistas da acústica, isso não é possível dizem eles enquanto escolhem num catálogo que material é que é melhor para forram o tecto de um teatro que aquele arquitecto, O careca sabes?, fez porque precisava de dinheiro e foi o primo presidente da câmara que lhe deu o trabalho e ainda bem que há primos assim porque senão estava no desemprego ou a dar aulas e ninguém quer isso pois não? RC





Aquele que é sem qualquer tipo de dúvida o standuper mais estimulante do lado de lá do lago, Demetri Martin, e que começa hoje mesmo uma tour do lado de lá do lago, Demetri Martin, tem agora um site onde mostra porque é que é o standuper mais estimulante do lado de lá do lago. Chama-se Clearfication, e para já temos lá alguns clips de audio e o primeiro de uma série de sete webisodes, que se pode ver no site ou então aqui. Todas as minhas forças não chegam para dizer o quanto eu aprecio este moço. RC



O que se passa é que eu vou ver o neil e quatro dias depois isto sai para a rua e depois no dia a seguir o neil faz anos. RC



Antes de mais, antes de seja o que for, acho que é importante dizer e depois reforçar com alguma veemência que É COMPLETAMENTE INSUPORTÁVEL LER EM ESPANHOL
(!)
(silêncio - inspirar - expirar - silêncio)
eu arriscaria mesmo sem me atirar muito para fora de pé usar a palavra DESESPERANTE ABSOLUTAMENTE DESESPERANTE E CANSATIVO E PERTURBADOR COMO O CATANO
(¡!)
(silêncio - inspirar - expirar - silêncio - inspirar)
MESMO
(silêncio)
mas quando se consegue esquecer o desatino que é ler tudo como se toda a gente andasse sempre aos saltos com uma taça de fruta na testa
- Mira chico ¿que pasa?
é afinal o mesmo que
- Ó tu qué que foi?
só que com uma flor e um saco de gomas enfiado no nariz,
quando se consegue esquecer o desatino que é e se consegue traduzir tudo para língua de gente, seja português ou inglês ou o que der mais jeito, conseguimos relembrar afinal o que é um livro e como se faz, e como este é só um delicioso mostrador do mindset da New York dos anos sessenta e setenta
para uma pessoa como o Warhol que de si já não é muito normal. RC

Nome: Mi Filosofía de A a B y de B a A
Autor: Andy Warhol
Formato: 268 páginas
Dimensões (em centímetros): 1,4 x 19,5 x 12,4
Data de publicação: Junho, 2006 (1ª ed., 1975)
Assuntos relacionados: Anos 60, Vida, Arte, Nada.
Descrição: Um deliciosamente leve e quase quase redundante testamento da PopArt pela 'filosofia' de Andy Warhol e da sociedade de nada dos anos sessenta.
Tipos de letra: ?
Primeira frase do livro: Me despierto y llamo a B.
Última frase do livro: - ¿Y qué?
Dedicatória: [interminável]

A: Me gusta tu apartamento.
B: Es agradable, pero sólo cabe una persona, o dos muy unidas.
C: ¿Conoces a dos personas que estén muy unidas?





Agora que se soube que a BBC e o escritor Brian Dooley decidiram não fazer mais episódios de THE SMOKING ROOM, para poderem avançar para outros projectos, e agora que existem já em dvd as duas séries, e hoje que falta um mês para ir ver Robert Webb fazer coisas em cima de um palco, posso finalmente regressar a esta série pela terceira vez desde que a descobri há mais ou menos um ano. Cheguei-lhe precisamente por causa do Robert, e as muitas caras do Robert, e fui depois sendo gradualmente arrastado para uma espiral de veneração e respeito eterno pela escrita imaculada do Brian, pelos outros actores e pelos deliciosos bonecos que vão crescendo ao longo dos dezassete episódios.
Quem ficar indiferente a isto depois de ver estes dez minutos não é boa pessoa e não merece o ar que respira.



Ainda falando de Coisinhas-Que-Se-Podem-Ver-Na-Televisão, começou por estes dias a quarta série de QI, ou QUITE INTERESTING por extenso, o que me deu uma razão tão boa como qualquer outra para começar do início. Cada série é dedicada a uma letra do alfabeto, e ganha-se pontos não por acertar nas perguntas, mas por dar respostas interessantes, da mesma maneira que se penaliza quem der respostas deprimentemente óbvias. Na cadeira de quem manda está Stephen Fry. Aqui estão os primeiros dez minutos do primeiro episódio da primeira série.



Como nota de rodapé, e para se ver como isto é viciante, ontem vi cinco episódios e isso tudo depois de jantar. Depois vi o primeiro episódio do THE SMOKING ROOM. RC





Falta um mês. RC



Se há coisa que me irrita é as pessoas lamberem os dedos para virarem as páginas dos livros, especialmente se os livros não forem delas e mais grave ainda se forem meus. DS



- Já alguma vez tiveste soluços tão fortes que parece que tens um puto de nove meses nos pulmões, ou dois vamos lá, aos pontapés à garganta? (Hic) Ai. (Hic) Ai. (...) (Hic) Aiiii.
- Por acaso até já, até houve uma vez em que fiz uma maratona de praí sete horas e catorze minutos disso. Emagreci praí seiscentos gramas. RC+DS


Hoje


01|dezembro|2006

The many faces of robert webb.
Isso do ricardinho acabou.

(Rufus Wainwright | Rules and Regulations
> from Release the Stars)



A ler Frost de Thomas Bernhard e ouvir e a ver coisas que se fôssemos aqui a pô-las todas havíamos de chegar atrasados a sítios onde temos horas para chegar.

e-mail


armazem42@hotmail.com

Ultimamente

O que se disse em

Links


Creative Commons License
Os textos publicados neste blog, devidamente assinalados com a firma RC, estão licenciados sob uma Licença Creative Commons.

Powered by Blogger