stop being sad
you need to be happy



hmmmmm
...
sou só eu ou o Ballroom é uma venue bastante pó esquisito?
:

:
mas pronto
tudo bem
grande lustre palco pequenino
as it should be
hmmm
hoje à noite vai ser assim
[MP3] Rufus Wainwright (with special guest) - Between My Legs
ou mais ou menos assim, vá
isto foi uma noite sem sono
e hoje vem outra
:)


ingmar

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Paz. RC



ah setembro
não só vai haver novidades da rufuslândia como também
ah setembro
o novo e carambas que nunca mais album de devendra banhart
:

:
e imagem.
vai-se chamar Smokey Rolls Down Thunder Canyon
e para já duas músicas novas
bastante positivas diga-se
que se podem ouvir aqui
[MYSPACE] Devendra Banhart - Tonada Yanomaminista + Rosa
sendo que uma sucede em brasileiro
hmm português
hmmm brasileiro.
alguém me sabe dizer quem é o convidado que canta?
ah e agora mais músicas novas todas as sextas
como de facto diz no site e assim



ok
agora durante quase um mês vou estar nisto de vez em quando
para assinalar convenientemente o dia em que stephen fry
ou 'deus' como eu gosto de lhe chamar
faz cinquenta e faz anos.
isto que se segue
oh my oh my
é de 1982
skinny bent-nosed sexy bastard.



- pronto
diz ele
- já não escolho mais música para ninguém
diz ele e parece que está enervado ou assim
- eu não tenho vida para andar com um piano às costas e ao mesmo tempo andar a escolher música para os meninos
diz ele e tem razão
- daí que acabou, hoje é a última parte e a partir de amanhã safem-se sozinhos
diz ele coitado
- que eu também, muito obrigado
[MP3] Björk - Venus as a Boy
[MP3] The Beach Boys - In My Room
rufus wainwright continua em tour até janeiro pelo menos
- ah pois é e as minhas costas?
e as costas dele indeed



Hugh So let's talk about instead about flexibility of language - linguistic elasticity if you like.
Stephen Yes, I think I said earlier that our language, English -
Hugh As spoken by us -
Stephen As we speak it, yes, certainly, defines us. We are defined by our language if you will.
Hugh (to camera) Hullo! We're talking about language.
Stephen Perhaps I can illustrate my point - let me at least try. Here's a question.
Hugh What is it?
Stephen Ah, my question is this: is our language, English, capable, is English capable of sustaining demagoguery?
Hugh Demagoguery?
Stephen Demagoguery.
Hugh And by demagoguery you mean ...?
Stephen By demagoguery I mean demagoguery.
Hugh I thought so.
Stephen I mean highly-charged oratory, persuasive whipping up rhetoric. Listen to me, listen to me, if Hitler had been British would we, under similar circumstances have been moved, charged up, fired by his inflammatory speeches, or would we simply have laughed? Is English too ironic to sustain Hitlerian styles, would his language simply have rung false in our ears?
Hugh (to camera) We're talking about things ringing false in our ears.
Stephen Hmm, may I compartmentalise? I hate to, but may I? May I? Is our language a function of our British cynicism, tolerance, resistance to false emotion, humour and so on, or do those qualities come extrinsically - extrinsically, from the language itself? It's a chicken and egg problem.
Hugh (to camera) We're talking about chickens, we're talking about eggs.
Stephen Let me start a leveret here: there's language, the grammar, the structure - then there's speech. Listen to me, listen to me, there's chess and there's a game of chess. Mark the difference for me, mark it please.
Hugh (to camera) We've moved on to chess.
Stephen Imagine a piano keyboard, eighty-eight keys, only eighty-eight and yet, and yet, hundreds of new melodies, new tunes, new harmonies are being composed upon hundreds of keyboards every day in Dorset alone. Our language, Tiger, our language, hundreds of thousands of available words, frillions of possible legitimate new ideas, so that I can say the following sentence and be utterly sure that nobody has ever said it before in the history of human communication: "Hold the newsreader's nose squarely, waiter, or friendly milk will countermand my trousers." Perfectly ordinary words, but never before put in that precise order. A unique child delivered of a unique mother.
Hugh looks at camera, opens mouth as if to speak, decides against it.
Stephen And yet, oh and yet, all of us spend our days saying the same things, time after weary time: "I love you", "Don't go in there", "Get out", "You have no right to say that", "Stop it", "why should I?", "That hurt", "Help", "Marjorie is dead". That surely is a thought to take out for a cream tea on a rainy Sunday afternoon.
Hugh So to you language is more than just a means of communication?
Stephen Er, of course it is, of course it is, of course it is. Language is my mother, my father, my hunsband, my brother, my sister, my whore, my mistress, my check-out girl, language is a complimentary moist lemon-scented cleansing square or handy freshen-up wipette. Language is the breath of God, language is the dew on a fresh apple, it's the soft rain of dust that falls into a shaft of morning sun when you pull from an old bookshelf a forgotten volume of erotic memoirs; language is the faint scent of urine on a pair of boxer shorts, it's a half-remembered childhood birthday party, a creak on the stair, a spluttering match held to a frosted pane, the warm wet, trusting touch of a leaking nappy, the hulk of a charred Panzer, the underside of a granite boulder, the first downy growth on the upper lip of a Mediterranean girl, cobwebs long since overrun by an old Wellington boot.
Hugh Goodnight.
in A Bit of Fry and Laurie, series one, episode two.



- Then I got hit on by two guys... it's a good feeling when people are attracted to you, you know?
- No, I don't.



tem piada
tenho a distinta impressão que de que hoje é um dia qualquer
e não me lembro porque é que me parece que é diferente dos outros
às tantas passa-se alguma coisa hoje que eu devia assinalar
hmmm
não, não me lembro
vinte e seis
julho, não é?
vinte e seis de julho
hmmm
nada, não me ocorre nada
ehpá mas alguma coisa é hoje
tipo anos de qualquer coisa
hmmm não
estou claramente a falhar
e lá para amanhã vou lembrar-me do que é e vou enevoar duma maneira
hmmm
vinte e seis de julho
...
não
[MP3] Blondie - Heart of Glass
[MP3] Harold Arlen - Accentuate the Positive
...
não, ainda não
ah espera
...
não





- com que mão escreves?
hein que merda de conversa é esta?
- direita
a sério eu não sei ao que é que estes dois vão
- ok agora faz de conta que estás a comer ok? com que mão é que seguras o garfo?
oh que caraças
- direita
agora estão a falar de garfos
- não acredito
olha eu também não
- porquê?
- porque as outras pessoas como é que fazem?
hein?
- hein? pronto trocaste-me todo agora
sim e eu aproveito para pedir desculpa
- ok eu admito que esta linha de perguntagem está a ficar um bocadinho estranha talvez era parar aqui
em nome de ah espera vão parar com isto?
- não agora diz-me
oh porra
[MP3] Serge Gainsbourg (and Jane Birkin) - 69, Année Erotique
[MP3] Roberta Flack - Will You Still Love Me Tomorrow?
- é que a maior parte das pessoas é direita faca esquerda garfo, daí que quando eu como ao contrário começa tudo 'TU COMES AO CONTRÁRIO!'
tudo? mas quem? quem é esta gente?
- olha agora que penso nisso com calma nem sei bem





e pronto
já chegou esta parte do dia outra vez
- tenho uma camisa grande demais, umas calças que são claramente de gaja e uns sapatos muito pequenos
olha, pelos vistos já se vai vestido de casa para estas coisas
- já
eu não disse?
- ou era levar num saquinho e trocar lá
ou então era um saquinho
- a parte de cima do meu corpo está estupidamente desproporcionada da parte de baixo
hmmm deixa lá assim pareces mais forte
com extra força de braços para levantar pratos e assim
- é
pois é
[MP3] Dionne Warwick - Trains and Boats and Planes
[MP3] Bob Dylan - I Want You
- oh que caraças não está cá ninguém
vê lá se não és tu que tens a chave
vê debaixo do tapete
- trs ok já cá estou dentro, deseja-me sorte
boa sorte



ROSTAND, Edmond - Cyrano de Bergerac. Paris: Pocket, 1998. €3,76



com a cortesia da BBC Radio 2
que enquanto estação emissora é assim uma coisa mais ou menos do género
- olá senhores de meia idade, estão bons?
isto tudo
obviamente
com uma margem de erro de quinze anos
tanto para cima como para baixo.
rufus wainwright escolhe esta semana dez músicas
e quem sou eu para desrespeitar?
[MP3] Elvis Presley - Mystery Train
[MP3] Kate & Anna McGarrigle - Talk to Me of Mendocino
ninguém
não sou ninguém



[The graphic sign / indicates the line is interrupted by the following one, and // the one after that, etc.]

(1) You shouldn’t ask me that.
(2) What?
(1) You really shouldn’t ask me that.
(2) Why?
(1) The agreement we made, if you remember, clearly stated that things of such should scarcely be allowed.
(2) When?
(1) Scarcely not to say never. I rather think it’s a very reasonable point and you are wilfully opting to ignore it.
(2) How?
(1) Well, by asking me what do I think about this poem you wrote, and Who?, well, whomever it was that you wrote it for instead of me.
(2) Stop that.
(1) There’s so much I can stand, and then there’s you writing stuff saying you love somebody else.
(2) Hmm (pause), yes if I remember the agreement we made, / it clearly stated
(1) And with your special knack for words, by all means.
(2) What is that supposed to mean?
(1) I’m not saying you write badly,
(2) Good.
(1) which you do.
(2)
(1) I never really understood it, but (pause) it seems words die in your hands. (pause) Like fish. (short pause) Jiggle about a bit and die. It’s quite a skill.
(2) Are you done?
(1) It’s like the touch of death, (pause) only worse, / I think.
(2) I really don’t think it’s that bad.
(1) I mean, what’s this?
(2) I’ve done worse than that.
(1) First line.
(2) I’ve done a lot worse / than that.
(1) First fucking line. May I quote you? May I quote you? I’m gonna quote you. (pause) In before I slept. (pause) First blasted line, In before I slept.
(2) It’s not a bad line.
(1) I’m not saying it is.
(2) But it is.
(1) If you say so. I’ve got nothing against this white trash syntax, by all means, but it just strikes me as (pause) wrong.
(2) I’m glad I asked you.
(1) Deeply, deeply wrong.
(2) I’m very glad.
(1) You know people who have rosaries on their cars?,
(2) Couldn’t be any more / thankful
(1) [like] hanging (short pause) from their rearviewmirrors?
(2) I mean, who better than Mr Wordsmith-himself, of all people, to (short pause) criticize / my poems
(1) I always felt there was something intrinsically evil about those / people,
(2) You know what you are?
(1) like they have the capacity of summoning hell (pause) at will.
(2) Seriously, do you know what you are?
(1) And they just don’t cos there’s (short pause, with contempt) THAT (pause), with the little Christ jiggling about and specifically telling them not to do so
(2) You’re a bad pond.
(1) or a tree will grow against their bonnets just (snaps fingers) like that.
(2) If I remember the agreement we made, / it clearly stated
(1) So sprinkle your dashboards with Holy Water of all drinks, for the Almighty is allseeing and the trees are allwood and then you’re alldead.
(2) It clearly stated that you were to be the good pond.
(1) That’s you with words.
(2) Which you are not.
(1) You take the word flower for example from a fucking meadow and it dies back into a bud in your very hands.
(2) So when I happened to say I was beautiful, you were to agree,
(1) And the same with birds if you care to fly or with (pause)
(2) reflexively,
(1) the sea if you want to dive (increasingly queezy) in a puddle of you own (pause) I give up.
(2) without thinking, without even pausing to properly listen.
(1)
(2) And if I were to say my poems were good, / you were to say it back in the same words.
(1) I was to say it back in the same words.
(2) (pause) Yes.
(1) Instead of saying that once they start they can’t help but going on and on and on, one line after another, one fucking beating after another, endless endless cemeteries of sentences, (pause) haunted things (pause) painful painful like a pourdown of knives, (pause) stabbing and stabbing and ripping whatever (short pause) remains (pause),
(2) Yes.
(1) (pause) whatever remained, whatever healed back. (pause, sniggers) If I remember the agreement we made (pause) it clearly stated you were not to say you loved anybody else in front of me.
(2) It didn’t.
(1) I know it didn’t. And when we agreed on that / it was very blatantly implied you were not to run your love letters through me (pause) like knives (pause) for me to very thoroughly examine the blade and if possible // suggest new ways in which it could hurt me more.
(2) We didn’t.
(2) If possible.
(1) Ache me with better words. (pause) Bruise me more beautifully.
(2) You told me you didn’t love me.
(1) I lied. (long pause) This is Cyrano all over again. (pause) What authority do you have to write like that the whole of love in one sentence alone?
(2) I almost never write.
(1) And when you do (pause), In before I slept.
(2) I agree it sounds bad.
(1) It does. (pause) It most beautifully does. (pause) In before I slept. (pause, sighs) In before I slept. RC



É dizer muito sobre o sítio de onde eu venho que um dos insultos mais comuns seja
- Iiiiii, tens caspa nas sobrancelhas.
:
It's saying enough about the place i come from that one of the most common insults is
- Eeeee, you have dandruff in your eyebrows. RC



CUMMINGS, E. E. - 100 Selected Poems. New York: Grove Press, [s.d]. €11,66
:
1
:
Thy fingers make early flowers of
all things.
thy hair mostly the hours love:
a smoothness which
sings, saying
(though love be a day)
do not fear, we will go amaying.

thy whitest feet crisply are straying
Always
thy moist eyes are at kisses playing,
whose strangeness much
says; singing
(though love be a day)
for which girl art thou flowers bringing?

To be thy lips is a sweet thing
and small.
Death, Thee i call rich beyond wishing
if this thou catch,
else missing.
(though love be a day
and life be nothing, it shall not stop kissing).





Ray Hello, John? It's Ray. This email : stop sending me petitions about problems animals have got. Endangered animals, experiments on animals, depressed pandas, neurotic squirrels, bipolar bears... I don't care. I've got a sci-fi blockbuster to write, I can't sit around caring about nature. I mean, what's this? There's only 5,000 tigers in the world? Sounds like loads. What to do need 5,000 for? I'm thinking a couple for public appearances, a few more for photographs for calendars, stunt ones for films, maybe eight, six to ten for breeding, I'm adding this up on my pad, let's stick 10% on for contingency, I mean... I can't even get up to fifty. What? There were 100,000 in the 19th century? Well, that was a problem that needed addressing.
in Daydream Believers




Paul Klee, Anfang eines Gedichtes [Beginning of a Poem], 1938



Interviewer Excuse me, sir.
Man Yes.
Interviewer I'm doing a test for Don't Be Dirty.
Man Don't Be Dirty?
Interviewer That's right. I wondered if you'd perhaps help me out.
Man Well, I'll do what I can.
Interviewer Thanks very much. Now, I'm gonna read out some words and i'd like you to say the first word that comes into your head. Alright?
Man OK, fire away.
Interviewer Right.
Man Wrong.
Interviewer No.
Man Yes.
Interviewer No, I mean, I haven't started yet.
Man Oh, I see, I'm sorry.
Interviewer So...
Man Rry.
Interviewer Oh, look...
Man Listen.
Interviewer No, when I want you to start I'll raise my hand, like this. Understand?
Man Comprehend.
Interviewer No!
Man Yes. We had that one before.
Interviewer Jesus Christ...
Man Superstar.
in Saturday Night Fry, episode five.



concurso
atenção
concurso
:
quer partilhar o palco com rufus wainwright?
como provavelmente sabe
sendo o tipo de fã tresloucado que é
a nova música de rufus wainwright between my legs
:
[MP3] Rufus Wainwright - Between My Legs
tem uma parte falada
(there is a river running underground
underneath the town towards the sea
that only i know all about
on which
from this city
we can flee
)
ora quer ser você a fazer essa parte no concerto da sua cidade?
envie um video de si precisamente a fazer essa parte e a gente depois vê se aprecia ou não
e se acharmos que é bem
oupa
você salta para o palco e vem fazer isso perante centenas e centenas
que tal?
aqui está uma versão em que não está a ninguém a fazer isso para você poder ir treinando
[MP3] Rufus Wainwright - Between My Legs (Live at the Montreux Jazz Festival)
ah a propósito
entretanto passaram já alguns dias
e sim foi você o escolhido
parabéns
cá o esperamos



when luck strikes fucking twice
i seriously should start charging for my positive energies



to perform the spoken word portion of between my legs
:

:
i know him, you know



- Have you ever tried surviving on 1 dollar a week?
- What, like when I was a family in Africa?



STOPPARD, Tom - Rosencrantz and Guildenstern Are Dead. London : Faber and Faber, 1973. €7,76*
:
* isto constitui uma aldrabice porque eu não comprei este tanto quanto o roubei




hugh laurie and stephen fry



nota prévia
stephen fry escreveu há uma vintena de anos o programa de rádio mais definitivo de todos os tempos
chama-se Saturday Night Fry
e é complicado escolher bocados porque é tudo muito bom
a verdade é que eu sou um tolo por todas as coisas fry
mas pronto cá vai
e ainda vou falar disto nos próximos dias
:
Stephen And now after an enforced absence of one week it's very much your pleasure to have me welcome back Hugh Laurie, singer/songwriter, actor and acrobat, who's often been compared. Hugh, you weren't with us last week, but you've returned. Learnt your lesson?
Hugh Yes, Stephen, I have.
Stephen Next time you feel hungry you'll ask.
Hugh I promise.
Stephen Good. How did you spend your fortnight away?
Hugh I was allowed to exercise everyday, so I caught up with some valuable walking.
Stephen Excellent. Any good walks?
Hugh Well, dozens. I always walk in bed, last thing at night, and once I start I find I can't stop until I've completely finished the walk.
Stephen Hmmm, I understand from your social worker that you've been confusing common words recently, words like walk and read, for instance. Is that true?
Hugh Absolutely toast. Nothing could be further from the handbag.
Stephen Great.
in Saturday Night Fry, episode three.



he told me he liked Turner
:

John William Turner, Rain, Steam and Speed — The Great Western Railway, 1844.



para quem quer saber como é que continua o sketch que eu comecei a transcrever uns posts mais abaixo
cá está ele
robert webb e david mitchell
[MP3] That Mitchell and Webb Sound - Dad, There's Something I Want to Share With You
e qualquer dia há mais
entretanto estou a aqui a não fazer nenhum



GOGOL, Nikolai - Contos de São Petersburgo. Lisboa : Biblioteca Editores Independentes (Assírio e Alvim), 2007. €6,30
:

Marc Chagall, Homage to Gogol, 1917.



seize the day.
ou seja,
dia dezasseis. RC



ALLEN, Woody - Mere Anarchy. London : Random House, 2007. €16,42



Há uma série de coisas que é preciso dizer.
Ponto um, este foi o meu primeiro Oliveira.
Shameful i know but still.
Daí que levava num bolso os preconceitos todos e no outro a certeza de que o que as pessoas dizem nunca é verdade.
Convém talvez por esta altura dizer que o filme é belíssimo, e muitas vezes à conta de imagens como esta
:

:
que, no fundo, dão vontade de dizer
- oh senhor oliveira sinceramente isto não se faz quer dizer a gente precisa de respirar e o senhor assim não nos deixa
e tal.
Ponto dois, o senhor Oliveira é lixado a escrever diálogos.
O que facilmente se verifica quando só um actor com o calibre de um Michel Piccoli é que consegue dizê-los sem parecer uma besta.
Ponto três, o filme é curtinho, dura pouco mais do que uma hora, e por isso não me parece que seja um esforço muito grande sair do sol por um bocadinho e meterem-se numa sala de cinema,
tá bom?
Ponto quatro, esvaziei os bolsos à saída. O povo confirma-se que é parvo. RC



- vejo vistas da cidade do meu quarto
vês que bom? trs
que bem que se começam dias em sítios que não aqui
ora mesmo a propósito
e que tal (pergunto eu) uma segunda sessão de gente que não eu a escolher música para os meninos
hein?
vamos a isso então
- ok deixa-me começar a mandar isto tudo que tenho aqui para te mandar
e eu tudo bem
[MP3] The Killers - Andy, You're a Star
[MP3] Rufus Wainwright - Crumb by Crumb (Acoustic)
[MP3] Martha Wainwright - These Flowers (Live)
[MP3] Nelly Furtado - Baby Girl
e depois a net foi ao ar e não houve mais música para ninguém



Matthew Dad, there's something I'd like to share with you.
Dad Tell me, Matthew, there's something you want to tell me. Sharing is what we do with biscuits.
in That Mitchell and Webb Sound, series three, episode four.



a billion baby kisses i'll deliver
if you'll only sing that swanee river
rock-a-bye your rock-a-bye baby
to a dixie melody








E se sempre que mudássemos de casa para outra diferente levássemos connosco as paredes e os tectos?
espalhava-se a mesma areia em cada praia a que fossemos e repetia-se sempre para nós a mesma onda em cada mar?
aparcávamos o carro todas as vezes no mesmo sítio e de todas as vezes longe demais, e andávamos sempre o mesmo chão até à porta de casa?
sentávamo-nos repetidos numa só cadeira e escrevíamos a uma só mesa igual e carregada às costas, e a cama para dormir sabia sempre a estarmos a voltar de férias?
segurava-se-nos às mãos o mesmo ar sempre, e éramos árvores de nós próprios, ou respirávamos sempre o mesmo cigarro?
sonhávamos sempre com as mesmas coisas para continuar a não as ter, ou tínhamos sempre as mesmas coisas para não ter de pensar nelas?
escondíamo-nos sempre no mesmo canto? RC



rufus wainwright : between my legs

you can go out, dancing / and i'll write about you, dancing without you / and i'll shed a tear between my legs // when you were here, i missed you / now that you're away, i'm out there without you / and i shed a tear between my legs // though we live in the same city, / you live in another state far away from me and all of my unfaded charms // but when the rocket ships all fall / and the bridges, they all buckle / and everybody's packing up their station wagons / there's a number you can call, like a breast that you can suckle / and we quietly will exit as it all is happening / again, i'm afraid of one thing, / will i walk away from love knowing nothing, wearing my heart between my legs? / but when i know you're naked, lying on the bed while i'm at the piano / all i can say is i can't fake it // when the rocket ships all fall / and the bridges, they all buckle / and everybody's packing up their station wagons / there's a number you can call, like a breast that you can suckle / and we quietly will exit as it all is happening again // cos there's a river running underground / underneath the town towards the sea / that only i know all about / on which from this city we can flee / on which from this city we can flee



you're the sweetest



trs
que futilidade vem a ser esta?
tu que escreves coisas até mais ou menos a pores-te aqui todo pipi com roupa nova?
e chapéus iguais aos do meu avô?
tsc tsc
ao que isto chegou

yellow walls are lined with portraits and i've


got my new red fetching leather jacket



Sir Corin Basin, actor My father once told me
- Peter
(he could never remember my name, you see)
- Peter
he said
- if I had a personality like yours I'd spend the rest of my life pretending I was someone else.
in The Atkinson People, episode two.



E se um dia ao acordar perdêssemos de uma leva a capacidade de inventar, e deixássemos de saber ver de olhos fechados?
morriam de uma assentada uma data de estrelas, ou deixavam-se elas arder muito baixinho para ninguém as ouvir, lá longe, onde quase deixa de haver coisas?
quebrávamos os sítios que foram feitos para partir e chorávamos ferrugem para afundar os navios, para eles nunca chegarem a terra de já não haver?
esquecíamo-nos como se nunca as tivéssemos sabido as malabarices de como fazer as perguntas e de como as contorcer e retorcer para servirem às respostas que queremos ouvir?
perdíamos as maneiras de começar a sorrir sem razão?
roubavam-nos a cabeça e levavam-na de nós para o outro lado do mar, perdida e achada dentro duma caixa dos teus braços?
deixávamos de saber tomar conta de nós? RC





Enantiodromia (do grego Enantio, oposto + dromos, correr em direcção a) é um conceito introduzido pelo psiquiatra Carl Jung pelo qual a superabundância de qualquer força inevitavelmente produz a sua oposta.




Paula Rego, The Dance, 1988.



trs
quando é que aprendes português ó tu para eu não ter de traduzir as cartas de amor que te escrevo?
trs ok quem ler isto até pensa que é verdade





e última

Ou seja, quando se cansaram todos da pessoa mais bonita do mundo e a quiseram trocar por outra que estava ao lado, uma lei havia que já sabia como é que o mundo funciona e que disse não se poder fazer nada a propósito de mudar isso. E de súbito toda a gente, principalmente aqueles para quem isto tinha sido sempre indiferente desde o início, se complicou de protestos numa desarrumação de braços no ar, e se levantou de berros que isto não estava certo, que era até um bocadinho parvo estarmos por lei a achar alguém a pessoa mais bonita do mundo quando já sabíamos que o não era, que era só um indivíduo medíocre quando posto ao lado da pessoa ao lado ―infinitamente superior de onde quer que se olhasse―, e que até o alto-comissário, não fosse ele um senhor tão fraquinho de corpo, havia de estar aqui a dar-nos razão e a desorganizar-se dos nervos como estamos o resto de nós. Fez-se até num dia de chuva, da parte da tarde, um cortejo que desfiou pelo menos meia cidade de centenas de pés, de tal maneira que se sentia tremer nas falhas do chão uma espécie de empenho provavelmente já em exageros ―apesar de se ter feito isto tudo sempre rua abaixo ao invés de rua acima―. Pouco tempo passou aliás antes que o porta-voz do novo movimento, da campanha pela beleza em termos, reclamasse com carácter de ser para quanto antes uma audiência com o presidente do mundo para que sua perfeição se chegasse à frente, interviesse e resolvesse de uma vez por todas esta palhaçada ―foi aliás esta a palavra que se utilizou à falta ou de melhor palavra, ou de melhor porta-voz―, mas sua excelência o comandante supremo encontrava-se, por indicação médica, em qualquer outro sítio que não o gabinete de tomar decisões ―preferencialmente a praia― e por isso qualquer declaração foi adiada e foi-o indefinidamente. Mas como ninguém podia esperar, nem esta complicação se permitia estender até ao fim das férias, ou para sempre ―qual deles acabar antes―, um dia houve em que acordou toda a gente e já o mundo se tinha revoltado, e já meia dúzia de entornados saltaram o muro do Palácio das Leis, e calcaram ilegalmente a relva do Palácio das Leis, e rasgaram um por um os estatutos gerais pelas pontas das mãos, e exigiram enfurecidos de vozes que se trocasse a pessoa mais bonita do mundo pela do lado e que tal se fizesse de imediato e se fosse possível à frente deles. O que foi de facto o que aconteceu.
Algumas coisas é preciso dizer a propósito do que se deu depois da revolta dos estúpidos. A pessoa mais bonita do mundo era, mesmo, a pessoa mais bonita do mundo. Só um número ridículo de observadores, entre os quais eu, se atravessaram para admiti-lo logo nos primeiros dias de ter entrado em vigor a nova lei, e a maior parte deles que o fizemos publicamente fomos, em tribunal civil e no meio de uma babilónia de facas, subtraídos ali mesmo dos olhos da cara. Além disso, a lei da pessoa ao lado acabou rasgada ela também poucos meses depois, e retrocada por outra e por outra a seguir, e de todas as vezes se pisou sem haver necessidade a relva do Palácio das Leis. Mais importa dizer que por outra a seguir e ainda outra depois. Quanto à pessoa mais bonita do mundo, da última vez que o vi ―que foi, para todos os efeitos, a última vez que o vi―, perguntei-te porque estás sempre a virar a cara aos teus olhos e a virar a cara aos espelhos, e disse-te dos espelhos que nunca te devolvem inteiro, e que ficam sempre com um bocado de ti para eles. Disseste-me que não, e disseste-o insuperável, disseste que não, que os espelhos te reflectem depressa, e perdi-me de tal maneira na tua maneira de palavras que pouco te disse que é mentira, pouco te mandei que te calasses, porque assumamos, que sabes tu de espelhos? Perguntaste-me de volta, E quem sabe? Raios te partam tu. RC





let's discuss suits



Interessa talvez apontar o que foi da vida do rapaz depois de se ter passado o que se passou. Artigo sétimo, a pessoa mais bonita do mundo é-o em regime de ser para sempre, e qualquer áltero cenário que desrespeite o que se estabelece neste artigo ―ver este artigo― é consequentemente mentira. Ora mais uma vez se chegou à frente o povo do pó, e tossiu um raciocínio que tinha tanto de arrítmico como tinha de justo. Abria-se, afinal, um precedente: tinha sido redigida, promulgada, e depois revista e aumentada a primeira lei que por um princípio fundamental de mau feitio não admitia porque não admitia emendas. Este decreto é tão bom como um buraco negro ―disseram eles―, e vai acabar eventualmente por se engolir a si próprio. Mas as pessoas que escreveram a lei ficaram-se de brusco tão surdas como a lei já o era, e por isso nunca mais ninguém falou neste assunto. A verdade é que também poucos foram os que se incomodaram com a lei como estava escrita, e ao fio de mais ou menos tempo, entre os que concordavam de olhos abertos e os que só assentiam de ombros, toda a gente acabou por admitir que sim, que podia ser, que ele era a pessoa mais bonita do mundo. E foi precisamente no dia em que o derradeiro antipático desistiu do último bocado de dúvida que ainda restava, e o mundo se teve perigosamente unânime por um instante ―e por isso incrivelmente instável―, que se puseram os olhos todos numa específica fotografia em que se via a pessoa mais bonita do mundo ao lado de alguém que parecia, para todos os efeitos, ainda impossivelmente mais apetecível e que brilhava uma luz ainda mais bem acabada. Sabia-se sobre tal pessoa, especulavam baixinho as subcaves das revistas, que vivia de muito recente em casa do rapaz, ou porventura falava-se em duplicações de verdade se se dissesse que morava lá de muito mas mesmo muito recente, visto tratar-se da casa nova que o rapaz tinha acabado de comprar ―com tectos altos e as paredes alinhadas de espelhos― a alguém que, porque só concedeu vender-lha ao fim do segundo telefonema, e quase três minutos estendeu-se cada um deles, resumiu-se no fim do negócio não só sem a casa mas também sem as mãos. Isto de aparecer outra pessoa a desinquietar o mundo não era, como provou quase de imediato qualquer teórico da escola de ter os olhos abertos e de facto reparar nas coisas, nada de que não se estivesse já à espera. E os dois argumentos que lhes serviram não eram mais do que sintomas do provavelmente, e eram, por isso mesmo, verdades absolutas. Em primeiro lugar, a beleza atrai a beleza. Está amontoadamente documentado, por norma nas mesmas subcaves onde se revelam fotografias forjadas, que pessoas com bom aspecto só sobrevivem sem faltas de ar ou falência espontânea de órgãos dentro de campos gravitacionais de gente com bom aspecto, e ainda que as consequências medico-desastrosas de alguém positivamente bonito se ter, por mais que certo acidente, no meio de gente feia nunca se terem provado, a verdade é que tal cenário nunca aconteceu, ou então nunca foi registado, o que nos obriga a considerar os efeitos evolucionistas que tal experiência poderia provocar, isto é, a extinção de gente gira para sempre e a criação de um mundo onde toda a gente parece que acabou de se levantar. Tudo isto é, obviamente, falso e, portanto, é mais provavelmente verdade. Agora o outro argumento é consideravelmente mais forte. É um facto inegável que as pessoas não sabem o que querem, o que leva a que haja quem diga que o maior problema das pessoas é que há pessoas. E o que aconteceu aqui foi o que continua repetido a acontecer, e foi que as pessoas acabam todas as vezes por se cansar das coisas boas. É por isso que vamos ver o mar e voltamos sempre para casa, e nunca nos perdemos tempo que chegue a aprender a respirar água, nem montamos vida ao lado dos peixes, e é por isso igual que ninguém fica quieto à espera que uma árvore cresça, e se faça ramos. RC





aviso
este post sou eu a armar-me
mas muito
muito mesmo
...
cá vai
:
faz hoje um ano estava eu aqui a ver este moço
:

eu disse que me ia armar
daí que não fica nada mal eu pôr aqui partes do concerto
não acham que era bem?
esta foi editada e é uma versão ao vivo e alguns desses gritos são de facto meus
[MP3] The Divine Comedy - To Die a Virgin
e o resto foi alguém muito fofo que gravou e depois distribuiu pelo povo
mas que até nem estão nada mal
[MP3] The Divine Comedy - Queen of the South + Maneater
[MP3] The Divine Comedy - Charge
não estão mesmo nada mal
esta gentinha é que já se calava
enerva-me muito gente que vai conversar para concertos



Adenda ao artigo sexto, isto é mais definitivamente não um erro. A pessoa mais bonita do mundo é a pessoa mais bonita do mundo, ponto final, fim de discussão ―dizia o texto da lei―. Não adianta que ele diga que não é porque é. Ora os juristas e os legisladores que, importa lembrar, foram os únicos que não tiveram um dedo na redacção da lei, chegaram-se de primeiro à frente que este acrescento em particular, para não falar do resto da coisa, parecia ter sido escrito por uma atrapalhação de miúdos, e que chegava falar um naco com gente como eles, que sabem falar a língua do pó, para se ficar a saber que entre códigos civis, penais, tratados de acabar guerras, de como comprar casas e de como acabar casamentos, dividir filhos e deserdar netos, nunca em circunstância nenhuma se encontrara nesses cemitérios de frases uma lei pela qual sim é sim e sim é sim porque sim. Não é nesses termos ―somavam eles―, que se diz às pessoas o que fazer. No entanto, é completamente nesses termos que se diz às pessoas o que fazer, e nesse tom de voz marginalmente mais grosso que têm os irmãos mais velhos. É isso precisamente ―arriscou um advogado que só o era desde ontem, e por isso ligeiramente menos embirrado que os outros― o que é uma lei: uma coisa, isto é, algo, é porque é. Só que desta vez, desdobrou-se o moço em hipóteses, eles ou não podiam ou não estiveram para se dar ao luxo de demorar meia hora a dizer o que queriam de facto dizer, e daí o atrelado ao artigo sexto, naquele fraseamento de já saber as cores até dez, de que ele é a pessoa mais bonita do mundo porque é e fecho de conversa. Daí que ainda que ele próprio, a pessoa mais bonita do mundo, e apesar dos espelhos e dos olhos que roubava sem querer e dos tropeções de que era inocente, viesse dizer que não, que se tinha atravancado tudo de cabeças e que ele não era, nem pouco mais ou menos, a pessoa mais bonita do mundo, um bocado da lei havia agora que falava mais alto que ele. Artigo sexto ―antes da adenda―, regista-se que a pessoa mais bonita do mundo se chama ―e aqui podia ler-se o nome dele―, é portadora do documento de identificação ―e aqui fixava-se o número, que por azar era o mesmo que o seu número de telefone, que à conta disso não mais se calou―, e reside, para efeitos de morar lá, num prédio de habitação na rua ―e aqui escrevia-se o nome da rua dele, que por outro azar era o mesmo que o nome da rua dele―. Foi por isso que quando ele pediu, na manhã do dia seguinte, a mesma de se ter feito o acrescento, aos senhores jornalistas e restantes membros da imprensa aborrecida que por favor lhe saíssem da porta de casa, eles delicadamente declinaram e deixaram-se estar nas posições em que estavam. À manhã do dia terceiro depois da lei puseram-lhe encostado à parede do prédio, por encomenda sua, um polícia forrado de braços e de bigodes e com uma faca de cortar mãos. Ninguém se tinha satisfeito nem quanto muito confortável com esta história de cortar as mãos às pessoas, e o primeiro a achar isto tudo se calhar um bocadinho demais era o próprio ele o mais bonito do mundo, por isso quando o polícia lhe perguntava, já em posição de lanhar, se esta pessoa por enquanto ainda possuidora de mãos o estava de facto a desassossegar, ele tendia a responder na maior parte das vezes que não. Mas só na maior parte das vezes. Coisas têm de ser feitas quando têm de ser feitas, comentou definitivo o alto-comissário a propósito de uma marcha de jornalistas irritados, justapostos e consonantes em defesa do movimento emergente dos colegas neomanetas, e quando perguntaram ao alto-comissário porque é que tinha de ser, porquê esta selvajaria de se resolverem as coisas com facas, e lhe subiram a voz de vincos de querer saber porquê, a melhor maneira que ele arranjou de responder foi atar um nó numa artéria do pescoço e aturar ―com efeitos imediatos e de forma permanente― uma paragem respiratória. RC



rufus wainwright : nobody's off the hook

haven't fallen down in a while / sitting here, walking the line / well that's ok, i ain't no book / cos nobody's off the hook // see you looking so sad / trying to live your life in style / well that's ok, you ain't no crook / cos nobody's off the hook // i remember you when / looking like a teenager, how you have become a man with all the power / running the moon aground / who would ever have thought, hanging with a homo and hairdresser, / you would become the one desired in every woman's heart? / but you never will lose your heart with those little boy blues // haven't fallen down in a while / sitting here, walking the line / well that's ok, cos i have looked / and nobody's off the hook // cos life will take that little heart, and bring you to your knees / threatening to break it for the final time, and you will believe it / yes, you will believe it / but look, nobody's off the hook





pronto
é oficial
estou preso na terra de ninguém de escrever historinhas
ok factos
:
recuperei uma coisa que andava a escrever para ver se lhe dava um fim
ainda havia uma série de coisas para aviar antes de chegar ao fim daí que tenho andado a desenvolver a história
ora
de repente
não sei o que lhe fazer
não sei como a acabar
não faço ideia absolutamente nenhuma de como a acabar
e parecendo que não ela já não vai para pequena
...
a propósito do personagem principal
tens noção que estragaste de vez esta canção para mim?
[MP3] Regina Spektor - Samson
olha merda para ti
+
ps estive a ouvir isto outra vez
e chorei-me e sorri-me ao mesmo tempo
e agora?
qual deles? trs



E se amanhã começasse a última guerra, e fôssemos todos levados pela mão para irmos morrer?
choveria, pelos cantos das nuvens, ou faria o derradeiro sol para que o mundo se segurasse de sombras, e para que os mortos se largassem e caíssem ao chão?
teríamos nós tempo de dizer adeus às pessoas que nos estão presas com fios, e de quem sabemos os nomes, e cujos nomes diríamos até ao fim para que o corpo não se esquecesse de bater?
e aos outros, os que não conhecemos, com que cumprimento especial de testa lhes saíamos da vida quando nunca lhe fomos parte?
que bocado de casa levaríamos nos bolsos?
caber-nos-ia nas mãos o empenho de lutar a última guerra, em vez da pessoa do lado, para que os que viessem a seguir nunca mais tivessem de dizer adeus nem com os braços nem com os olhos?
teríamos a força de morrer pela última vez? RC



A verdade, no entanto, é que à subtracção daquela, roubada em termos completamente esquivos e por isso assustada, qualquer outra fotografia em existência da pessoa mais bonita do mundo, fosse em carteiras de avós, ou em livros de turma, fosse nos papéis de poder conduzir ou nos restantes documentos, fossem elas polaroids de férias, ensaiadas ou não, repetidas ou calhares, a verdade é que todas elas, independente se desfocadas, amputadas de pernas ou de testas, maldispostas, desenquadradas ou só infelizes, eram afinal aquilo que eram, que era fotografias da pessoa mais bonita do mundo. Aliás, se houve outra altura em que se lhe podia ter sacado uma fotografia ruim, e poder-se-ia de facto estivesse presente alguém com uma máquina, foi no preciso instante em que a pessoa mais bonita do mundo desembainhou o jornal daquela manhã e viu, na primeira página, e na respiração gritada do todo da folha, uma consideravelmente monumental ―e monumentalmente má― fotografia dele próprio. Artigo quinto, não há de maneira nenhuma qualquer envolvimento ou imiscuição da pessoa mais bonita do mundo no processo de decisão ―ler actas da assembleia ou ao revés acreditar em nós―, e mais se confirma que de nada do que foi decidido, ou do que se faz regra pela presente lei ―ver presente lei―, teve a pessoa mais bonita do mundo prévio conhecimento. E a verdade é que é verdade que não teve. Isto é tudo mais provavelmente um erro, disse ele às primeiras horas do dia em que passara a ser, por especial garatujagem do presidente do mundo ―e com os cumprimentos da sua mulher, que aprovava com entusiasmo― a pessoa mais bonita do mundo. Quer dizer, ouvia-se o desgraçado de ombros no chão, eu sei que tenho as cores certas e tudo, e que transluzo uma luz interessante quando o sol me bate pelo lado certo, e me abana as funduras dos olhos numa fervência de lagos, mas mesmo assim eu continuo a ter para mim que isto é tudo mais provavelmente um erro e enquanto engano é dos grandes. Em verdade existem vários os que duvidam ―especialmente os filólogos e de entre eles os mais recurvos― terem sido estas ipsis verbis as palavras que ele terá utilizado quando falou, ainda de cara encolhida, aos jornalistas que de pronto se lhe puseram à porta de casa, pavloviamente a postos e com a missão de recolher, reproduzir e ampliar qualquer e o primeiro depoimento que se conseguisse arrancar ―de forma completamente espontânea, atenção― ao coitado mais bonito do mundo. E não foram de facto estas as palavras que ele utilizou. Contudo, cedo decidiram os editores dos jornais, redactores-chefes e correctores gramaticais ―e ortográficos― que a pessoa mais bonita do mundo precisava de palavras que se lhe parecessem, e frases que lhe fossem dignas da linha dos queixos e do rebordo dos olhos e por aí adiante, de tal maneira que à porta de casa dele se punham os jornalistas, que lhe gravavam as respostas e que as passavam pelos fios dos braços até às carrinhas, onde estavam aqueles que se acertou chamar os substituidores, ou seja, indivíduos especialmente treinados ―a maior parte deles poetas e todos de entre eles maus― para lhe pegarem na voz e lhe trocarem a ordem, e o que mais fosse preciso, para que parecesse melhor. Convém talvez dizer, ainda que de passagem, que isto de encher as notícias de lâmpadas acabou alguns meses depois por bifurcar para outras partes dos jornais, e por isso qualquer pessoa que rebentasse na guerra era uma provocação de vermelho, entre mais demências e outras manchetes anormais onde se lia Avião aninha em montanha e mata trezentos, Caves multiplicam-se de lagos nas maiores cheias em dez anos e ―aquele que mais irritação causou, e não admira― Mulher é mordida por cobra e fica muito quieta para sempre. Logo, quando a pessoa mais bonita do mundo disse, ainda meio enevoado, Isto é tudo mais provavelmente um erro, o que ele disse de facto foi Não, eu parece-me é que está tudo parvo. RC



- Today's a holiday there.
- It is. 4th of July, Independence Day. Boooooo.
- What, you're booooooing holidays now?
- I hate the 4th of July.
- What do people do?
- Light fireworks and barbeque.
- Hmmmm, watching things blow up and eat. Yeah, that's America alright.



:
No soportamos que nuestros allegados no estén al corriente de nuestras penas, no soportamos que nos sigam creyendo más o menos felices si de pronto ya no lo somos, hay quatro o cinco personas en la vida de cada uno que deben estar enteradas de quanto nos ocurre al instante, no soportamos que sigan creyendo lo que ya no es, ni un minuto más, que nos cream casados se nos quedamos viudos o con padres se nos quedamos huérfanos, en compañía se nos abandonan o con salud se nos ponemos enfermos. Que nos cream vivos si nos hemos muerto.



ok o que se passa é o seguinte
não sei se já te disse mas as pessoas
em geral
fartam-se de falar e não põem verdade em nada do que dizem
nada ou muito muito pouco
resquicialmente muito pouco
por isso quando tu me disseste que seguisse em frente
e eu te disse que
- está bem
que
- eu consigo viver assim
sendo que assim é conformado que tu estás aí e eu estou aqui
geografias da terra e do coração à vez
eu próprio engano de mim mesmo achava que sim
que conseguia
como tu conseguiste aliás é preciso dizer-se com eficácia
de tal maneira que ironias da gravidade da terra
ou seja lá do que for
me encontro contigo
metassignificações da palavra encontrar aparte
todos os dias e todos os dias trocamos ouvidos e as coisas que pomos lá dentro
com as vidas seguidas em frente
não é?
só que volta e meia coisas assim
:

:
e é o que eu te digo
com os braços forrados de verdade
que as pessoas nunca seguem em frente
nunca
por tua causa



E se uma pessoa houvesse que apanhava todas as folhas que caíssem das árvores para dentro de um saco?
sairía quando era escuro, pelo lado de trás dos pássaros, disfarçada de sombra, com um casaco de pano de estrelas, e tentava colá-las em ramos de outras árvores, em terras de outras gentes, para ver se alguém reparava?
tomaria sobre si o fazer o ar limpo, engoli-lo pelas pontas dos braços, e sujar-se fatal ao fazê-lo, para que pudéssemos o resto de nós respirar ao revés de fora para dentro e de dentro para fora e espremer os pulmões pelos cortes da cara?
levá-las-ia para casa e tirava-as uma a uma do saco, com dedos afiados de ramo, e uma a uma as catalogava, em latim, conforme a cor, o tamanho, a nervuragem, e a árvore de onde caiu?
será que há quem trate todas as árvores pelo nome, como às pessoas?
será isto aquilo a que chamam, nas terras feitas de pó e nos sítios dos livros, o breviário possível de todas as folhas do mundo? RC



parte um
parte dois


Dizia o texto da lei, que havia sido escrito numa ginástica de panfleto e de abafamento de gritos ―para que toda a gente percebesse, afirmavam os analistas, visto que se tratava duma questão premente e visto que nestes assuntos da beleza a maior parte das pessoas é afinal imbecil, ou ignorante, escolha-se o mais insultuoso― que após várias rondas de negociação e de uma ou duas cedências mais relevantes exigidas pelos delegados da mesa que tinham mais dinheiro ―e por isso mais quadros e por isso menos dinheiro―, e ainda após uma derradeira revisão do rascunho pelos representantes das escolas de bem escrever, a maior parte deles poetas e todos de entre eles maus, que milimetricamente mediram cada vírgula e que trocaram meia dúzia de palavras por outras tantas de igual valor ―mas que soavam melhor―, tinha-se chegado por fim a um consenso em relação ao texto a ser fixado para ser assinado de imediato pelo presidente do mundo, ainda de férias mas disponível para homolgar por telefone, e por isso para entrar em vigor com carácter de urgência nos seguintes termos ―e começava assim―: estatutos gerais para a regulamentação dos padrões de avaliação estética (lei da pessoa mais bonita do mundo), parágrafo, artigo primeiro, há uma pessoa no mundo que é mais bonita que todas as outras. Um dos membros da mesa terá alertado para a pequenina ambiguidade da frase como está escrita ―não se sabe se a pessoa mais bonita o é que a soma de todas as outras ou que cada uma delas, mesmo as de olhos grandes―, mas tomou-se a imprecisão como uma coisa boa para atrapalhar os menos obtusos que se levantassem de fazer perguntas. Artigo segundo, qualquer manifestação pública, individual ou colectiva, que grite a pessoa mais bonita do mundo ser outra que não a que aqui se define ―ver artigos quarto a sétimo― será severamente punida em valores semelhantes ou equivalentes ao dinheiro dos bolsos ou aos olhos da cara ―qual deles valer mais―, e corresponderá a pena suspensa de prisão enquanto durar a vida da pessoa mais bonita do mundo, ou trinta anos ―qual deles acabar depois―. Artigo terceiro, mostras, por outro lado, de apreço pela pessoa mais bonita do mundo que resultem em aborrecimento ou arrelia da mesma serão presencialmente punidas com a truncagem das mãos. Adenda ao artigo terceiro, assiste à pessoa mais bonita do mundo o direito de sovar qualquém a incomode ou cause distúrbio ou obrigue a atravessar de lado da rua por força de ficar em paz e sossego. E nestes termos continuava o texto. Artigo quarto, apende-se a este decreto ―ver verso da folha― uma fotografia da pessoa mais bonita do mundo, para efeitos de ser mais fácil saber-se quem é. Ora esta questão da fotografia foi uma que trouxe problemas e foram dois os problemas que trouxe. Por um lado, sentiam os teóricos, os gestaltianos e os de ver as coisas aos bocados, assim como os filósofos, os teólogos e os mediúnicos, que a necessidade de uma imagem que desse verdade à pessoa mais bonita do mundo seria a negação de si própria, uma vez que a beleza transcende o mundo, o mundo extraverte a fotografia e, dois mais dois igual a cinco, como os vampiros, a beleza não pode ser fotografada. Este problema foi facilmente resolvido pelo presidente da mesa quando lhes pediu, de olhos estreitos, que por favor fechassem a porta pelo lado de fora. Agora o outro inconveniente viu-se mais atravessado de resolver. Pelos vistos a única fotografia que existia da pessoa mais bonita do mundo era uma muito líquida de contornos, tirada numa tarde de verão quando a pessoa mais bonita do mundo estava na esplanada de um café a tomar café por uma chávena de café. Toda a gente concordava que a fotografia era má, excepto os que a achavam ainda pior, e foi por isso que, em adenda ao artigo quarto, se escreveu ―em legítima encolhida defesa―: mais se afirma que a pessoa mais bonita do mundo não é a pessoa mais fotogénica do mundo. RC



o myspace é um sítio estranho
mas de vez em quando dão-se cruzamentos de gente que parece que sempre se devia ter conhecido
(wink wink nudge nudge say no more)
e é um dia que lá dou um salto e este jovem
como qualquer músico que use o myspace para se fazer ao piso
me tinha adicionado a mim e a quem ele encontrou pelo caminho como que a dizer
- olhem lá criançada o que eu faço e como o faço bem
e se é verdade que de vez em quando lá vem alguém da música tentar convencer-me
- anda lá compra-nos o disco
também é verdade que eu não me convenço por dá cá aquela palha
e este moço raios o partam convenceu-me
...
soube hoje que um cd novo vem aí
e ele gentilmente oferece estas para tentar convencer o pessoal
[MP3] Dan Wallace - The Heap
[MP3] Dan Wallace - Razorblade Twin
[MP3] Dan Wallace - Perfect Weather for a Superhero
e por isso quem ficar convencido também que vá aqui e depois aqui
o rapaz agradece







pronto hoje foi a manhã toda para aprender isto no piano
a sério quem achou que eu devia voltar a pianar não sabe bem no que é que se meteu





e uma pessoa perde a vontade de escrever
- não é possível
pensa uma pessoa
- não vale a pena tentar não vale
pensa uma pessoa
- se este sujeito escreve assim para quê estar a tentar?
pensa uma pessoa
- para quê?
:
Nome: Nine Stories
Autor: J. D. Salinger
Formato: 198 páginas
Dimensões (em centímetros): 1,5 x 17,2 x 10,5
Data de publicação: Maio, 1991 (1ª ed., 1948)
Contos:
A Perfect Day for Bananafish
Uncle Wiggily in Connecticut
Just Before the War with the Eskimos
The Laughing Man
Down at the Dinghy
For Esmé - with Love and Squalor
Pretty Mouth and Green My Eyes
De Daumier-Smith's Blue Period
Teddy
Tipos de letra: ?
Dedicatória: To Dorothy Olding and Gus Lobrano
:
suspiro
a sério morra lá só um bocadinho senhor salinger
é só hoje*


Hoje


01|dezembro|2006

The many faces of robert webb.
Isso do ricardinho acabou.

(Rufus Wainwright | Rules and Regulations
> from Release the Stars)



A ler Frost de Thomas Bernhard e ouvir e a ver coisas que se fôssemos aqui a pô-las todas havíamos de chegar atrasados a sítios onde temos horas para chegar.

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