[Tereza]

(Começamos a entender-nos quando chegamos ao tema das pessoas fracas. RC)



Estamos um ano mais parvos. DS



Devia haver uma lei que proibisse fazer filmes tão bons. RC



Finalmente.



Breve nota sobre cinema: Ontem vi a mais estranha double bill de todos os tempos, com o Bubble de Soderbergh (lindo) seguido de This is Spinal Tap de (convenhamos) Christopher Guest. E antes dos dois vi um episódio de Jam & Jerusalem (Jennifer Saunders) sobre senhoras de idade. Estranho.

Outra breve nota sobre cinema: Waiting for Guffman é à larga um dos mais deliciosos filmes de sempre (Christopher-é-preciso-dizer-mais-alguma-coisa?-Guest), e seguem-se Best in Show e A Mighty Wind.





Lindo. RC





Welcome to the Christopher Guest appreciation society. Junte-se-o aos amigos de sempre. RC





If there is an amateur reader still left in the world - or anybody that just reads and runs - I ask him or her, with untellable affection and gratitude, to split the dedication of this book these books four ways with my wife and children. JDS



A Note on Pronunciation

Most Turkish letters are pronounced as in English. The exceptions are as follows.

c - sounds like the 'j' in jelly
ç - sounds like the 'ch' in chill
ğ - is a silent letter that lenghtens the preceding vowel
ı - sounds like the 'u' in cranium
ö - sounds like the 'ew' in jewel
ş - sounds like the 'sh' in sheep
ü - sounds like the first 'u' in usual


[in PAMUK, Orhan - Snow. [s.l.]: Faber & Faber, 2006.]



Não. Fiz um longo videoclip com poemas. RC



1



2



3



All the streets are crammed with things
eager to be held
I know what hands are for
and I'd like to help myself
you ask me the time
but I sense something more
and I would like to give you
what I think you're asking for
you handsome devil
you handsome devil

Let me get my hands
on your mammary glands
and let me get your head
on in the conjugal bed
I say, I say, I say

I crack the whip
and you skip
but you deserve it
you deserve it, deserve it, deserve it

A boy in the bush
is worth two in the hand
I think I can help you get through your exams
Oh you handsome devil

(refrain)

And when we're in your scholarly room
who will swallow whom?
when we're in your scholarly room
who will swallow whom?
you handsome devil


(refrain)

There's more to life than books, who know
but not much more.
There's more to life than books, who know
but not much more
not much more
oh you handsome devil
oh you handsome devil


[Handsome Devil, by The Smiths, in Hatful of Hollow, 1984].





My true love did breathe by the Sally Ann so softly,
That while walkin' through town, only my heart did hear him
In views of the city

There ain't many folks by the Sally Ann so pretty
That while walkin' through town, many a twisted features
Made a terrible beauty


(...)

[Sally Ann, by Rufus Wainwright, in Rufus Wainwright, 1998].




[Tomas]

(A minha relação com Kundera está, para já, bastante complicada. RC)



Que livro lê Louis?



Nome: Franny and Zooey
Autor: J. D. Salinger
Formato: 202 páginas
Dimensões (em centímetros): 1,5 x 17,1 x 10,6
Data de publicação: Maio, 1991 (1ª ed., 1961)
Assuntos relacionados: Conhecimento, Educação, Religião, Crescimento.
Descrição: Uma peça em quatro actos em duas partes em prosa.
Tipos de letra: ?
Primeira frase do livro: Though brilliantly sunny, Saturday morning was overcoat weather again, not just topcoat weather, as it had been all week and as everyone had hoped it would stay for the big weekend - the weekend of the Yale game.
Última frase do livro: For some minutes, before she fell into a deep, dreamless sleep, she just lay quiet, smiling at the ceiling.
Dedicatória: As nearly as possible in the spirit of Matthew Salinger, age one, urging a luncheon companion to accept a cool lima bean, I urge my editor, mentor and (heaven help him) closest friend, William Shawn, genius domus of The New Yorker, lover of the long shot, protector of the unprolific, defender of the hopelessly flamboyant, most unreasonably modest of born great artist-editors, to accept this preety skimpy-looking book.

A verdade é que saí do cinema com uma vontade do fundo do corpo de voltar a ler Salinger. Este é um longo texto de precisar só de quatro pessoas e de uma ou duas vozes mais, e de dois ou três cenários. E fazer teatro disto, não? RC



Que todo e cada um Eu, Carolina arda misteriosamente sem que eu tenha de ter nada a ver com isso. RC



ade afonso alan albert alex alexandra alexandre álvaro álvaro ana andré andrew angus anthony antónio antony armando augusta ben bernardo bill bruno carla caroline chris chris chris chris christophe colin conan conor daniel dário dave david david david david demetri dinis domingos douglas dudley dylan eduardo emir emma eric erlend federico fernando fernando filipe fino francisco frank fyodor gandra geoffrey graça graeme graham guilherme gus harold herman hugh hugo ingmar isabel italo james jamie jarvis jason javier jean-luc jeff jennifer jeremy jerome jerry jimmy joana joana joana joanna joão pedro joão vicente joby john john john jon jonathan jorge jorge julia julian karl kelsey kurt lara liv liz louis luís luís manel manuel marco maria maria mário mark mark mark matt matthew michael michael michael miguel neil nelson nick nuno nuno oscar patrícia patrick patrick paul paul paul paulo pedro pedro pedro peter peter primo rainn rebecca reece ricardo ricardo richard richard ricky rik rob robert robert rowan rufus samuel sara seth stanley stephen stephen stephen stephen steve steve steve sufjan tamsin terry terry theo thom tiago tiago tim tonino vincent woody zach zé diogo zé joão. RC



As pessoas olho-as e parecem fumegar cada uma. É se calhar disso que se faz o nevoeiro das estradas, e a respiração das velas, e a vontade desfocada com que os dias se sacodem de noite. É porventura disso que se faz o natal. RC



Terceira e última parte da Biblioteca António Lobo Antunes de Poetas Não Falhados.
Deram meu este livro um Natal. RC

[o natalzinho]

O nosso Natal foi ficarmos a gente os dois aqui em casa com um pinheiro a piscar lâmpadas a noite inteira. O pinheiro deitámo-lo fora no dia seguinte
(primeiro encostado à porta juntamente com o lixo e depois entornado no contentor da rua onde encontra, entre garrafas vazias e papéis de embrulho, outros colegas pinheiros, como ele sem estrelas nem bolinhas prateadas)
mas as lâmpadas, unidas por um fio eléctrico, guardamo-las numa caixa de cartão, outrora caixa de sapatos, que por sua vez se arruma na prateleira mais alta da despensa, onde moram as coisas de que precisamos menos
(um calorífero avariado, a canadiana de quando torci o pé, o retrato do meu sogro, os remédios fora do prazo)
e onde permanecem, sem piscar nada, até ao próximo Natal. Para as desencantar a minha mulher traz o escadote da marquise
(que eu fico a segurar devido às suas tendências traiçoeiras manifestadas por intermédio de desequilíbrios e oscilações)
sobe a medo os três degraus metálicos prevenindo
- Vê-me lá isso
remexe o calorífero, a canadiana, o retrato e os medicamentos
(não sei como, as lâmpadas emigram sempre lá para o fundo onde moram baratas, pantufas velhas e pó)
alcança a caixa após manobras intermináveis acompanhadas de um vocabulário de chofer de táxi, a quem abalroaram pela esquerda, e cuja energia e variedade me surpreende sempre numa pessoa naturalmente mansa e calada, tenta entregar-me o Natal exigindo que o receba sem largar o escadote, o que é difícil, arredonda mais frases de chofer de táxi, à procura, a descer os degraus, tacteando-os um a um. De costas para mim com as Boas-festas nos braços, despenteada e exausta, observa o escadote num palavrão derradeiro, jura que para o ano retirará as decorações da gaveta dos talheres que não exige alpinismos, eu transporto o escadote para a marquise a tropeçar na mobília e arrancando a pintura dos móveis, e como já colocámos o novo pinheiro no vaso
(não o deixando suspeitar do destino de lixo que o espera)
basta-nos desenrolar a grinalda de ampolas de cores diferentes em torno dos ramos, pendurar as bolas prateadas, colocar a estrela no topo e ligar a ficha à tomada de corrente para que o Natal desate a piscar a sua alegria pulsatória. Em regra assim que aplico os dois cilindrozitos metálicos na tomada uma das ampolas explode, os fusíveis rebentam e andamos por ali às escuras a esbarrarmos um no outro
(eu e o chofer de táxi a quem as trevas enriqueceram a capacidade de expressão)
em busca do contador da luz. Encontrado o contador à custa de fósforos que nos queimam os dedos e esburacam a alcatifa
(o chofer de táxi exalta-se sempre quando nota a alcatifa esburacada)
accionando o interruptor, observamos as lâmpadas uma a uma, atarraxamos os casquilhos que nos parecem soltos, pegamos na ficha a medo, afastamos o sofá
(nessas alturas o sofá, quase sempre leve, decide pesar arrobas)
para utilizar a tomar, aparentemente mais benigna, na parede por trás dele, olhamo-nos a ganhar coragem, introduzimos os cilindrozitos metálicos nos buracos e o prédio inteiro desaparece com um estrondo. O piquete camarário, que um vizinho que principia a odiar-nos convocou, fala de sobrecarga no sistema, o que me parece uma denominação um bocado forte quando aplicada a qualquer coisa que se pode arrumar numa caixa de sapatos, e sugere-nos, através de um funcionário de boina conhecedor dos mistérios das resistências e dos ampères, que se queremos ter «um Natalzinho em condições» o melhor é desligar todas as máquinas, usar círios românticos para o jantar em lugar do lustre, e embrulharmo-nos em cobertores para diminuir as probabilidades de uma pneumonia que ele apelida, com convicção, «das tesas». De forma que colamos duas ou três velas a dois ou três pires, com pingos de estearina que preferem cair fora dos pires e que raspados à faca nos estragam as cómodas, semeamos pela sala aquelas chamazinhas fúnebres
(aos buracos na alcatifa acrescentam-se agora manchas negras no tecto)
a minha mulher traz o xaile, eu visto o sobretudo, jantamos bacalhau e trocamos prendas com a árvore a aparecer e a desaparecer ao ritmo da grinalda e nós a aparecermos com ela, como um par de fantasmas ora azuis ora nada, ora verdes ora nada, ora amarelos ora nada, e sempre que azuis ou verdes, ou amarelos, fantasmagóricos e enormes, projectando sombras quilométricas nas paredes. O meu fantasma recebe umas luvas de lã e um porta-chaves, o fantasma da minha mulher um colar de pérolas quase autêntico e uma escovinha e uma pá de cobre de limpar as migalhas da mesa. Passada meia hora de silêncio enregelado um de nós sugere que se apague a árvore, o outro, intermitentemente invisível, afirma que não se pode por respeito à quadra. E acabamos por deitar-nos em gestos que o pinheiro tinge de arco-íris, proibidos de adormecer por aquele fervor luminoso que transforma o quarteirão num ventrículo disforme de sístoles e diástoles eléctricas, enquanto as chamas das velas se dissolvem nos pires numa fumaça nauseabunda. Acordamos não num apartamento mas numa prisão a seguir a um motim sobre cujas ruínas o Natal vai piscando, indiferente, a sua satisfação inalterável, e usamos a escovinha e a pá de cobre para nos desfazermos dos cadáveres. Quando a Amnistia Internacional vier investigar os nossos crimes contra a Humanidade será recebida por uma senhora de colar de pérolas quase autênticas e um cavalheiro de sobretudo, azuis, verdes e amarelos, com um pinheirinho inocente na mão.

[in ANTUNES, António Lobo – Segundo Livro de Crónicas. Lisboa: Dom Quixote, 2002.]







Em cirílico porque transliterar é feio. RC



Duas tardes frias de me sentar com António Lobo Antunes a dar-me ele palavras atrás de palavras. RC

Nome: Conversas com António Lobo Antunes
Autor: María Luisa Blanco
Formato: 262 páginas
Dimensões (em centímetros): 1,8 x 20,8 x 13,2
Data de publicação: Outubro, 2002
Assuntos relacionados: António, Lobo, Antunes.
Descrição: Conversas com António Lobo Antunes.
Tipos de letra: ?
Primeira frase do homem: Uma das minhas recordações mais nítidas é do dia em que decidi ser escritor.
Última frase do homem: Adoro ver gente...
Dedicatória: A António Lobo Antunes pela sua amizade

Porque se escreve? Pergunta a uma macieira porque dá maçãs. ALA



Segunda parte da Biblioteca António Lobo Antunes de Poetas Não Falhados. RC

[oda a venecia ante el mar de los teatros]

Tiene el mar su mecánica como el amor sus símbolos.
Con qué trajín se alza una cortina roja
o en esta embocadura de escenario vacío
suena un rumor de estatuas, hojas de lirio, alfanjes,
palomas que descienden y suavemente pósanse.
Componer con chalinas un ajedrez verdoso.
El moho en mi mejilla recuerda el tiempo ido
y una gota de plomo hierve en mi corazón.
Llevé la mano al pecho, y el reloj corrobora
la razón de las nubes y su velamen yerto.
Asciende una marea, rosas equilibristas
sobre el arco voltaico de la noche en Venecia
aquel año de mi adolescencia perdida,
mármol en la Dogana como observaba Pound
y la masa de un féretro en los densos canales.
Id más allá, muy lejos aún, hondo en la noche,
sobre el tapiz del Dux, sombras entretejidas,
príncipes o nereidas que el tiempo destruyó.
Qué pureza un desnudo o adolescente muerto
en las inmensas salas del recuerdo en penumbra.
¿Estuve aquí? ¿Habré de creer que éste he sido
y éste fue el sufrimiento que punzaba mi piel?
Qué frágil era entonces, y por qué. ¿Es más verdad,
copos que os diferís en el parque nevado,
el que hoy acoge así vuestro amor en el rostro
o aquel que allá en Venecia de belleza murió?
Las piedras vivas hablan de un recuerdo presente.
Como la vena insiste sus conductos de sangre,
va, viene y se remonta nuevamente al planeta
y así la vida expande en batán silencioso,
el pasado se afirma en mí a esta hora incierta.
Tanto he escrito, y entonces tanto escribí. No sé
si valía la pena o la vale. Tú, por quien
es más cierta mi vida, y vosotros, que oís
en mi verso otra esfera, sabréis su signo o arte.
Dilo, pues, o decidlo, y dulcemente acaso
mintáis a mi tristeza. Noche, noche en Venecia
va para cinco años, ¿cómo tan lejos? Soy
el que fui entonces, sé tensarme y ser herido
por lapura belleza como entonces, violín
que parte en dos el aire de una noche de estío
cuando el mundo no puede soportar su ansiedad
de ser bello. Lloraba yo, acodado al balcón
como en un mal poema romántico, y el aire
promovía disturbios de humo azul y alcanfor.
Bogaba en las alcobas, bajo el granito húmedo,
un arcángel o sauce o cisne o corcel de llama
que las potencias últimas enviaban a mi sueño.
Lloré, lloré, lloré.
¿Y cómo pudo ser tan hermoso y tan triste?
Agua y frío rubí, transparencia diabólica
grababan en mi carne un tatuaje de luz.
Helada noche, ardiente noche, noche mía
como si hoy la viviera! Es doloroso y dulce
haber dejado atrás la Venecia en que todos
para nuestro castigo fuimos adolescentes
y perseguirnos hoy por las salas vacías
en ronda de jinetes que disuelve un espejo
negando, con su doble, la realidad de este poema.

[in GONÇALVES, E. (ed.) - Antologia da Poesia Espanhola do Pós-Guerra. [s.l.]:[s.n.], [s.d.].]



Marriage Guidance Counselor Are you happily married?
Horace Bootle Well, yes.
Marriage Guidance Counselor Does your wife know about this?
in I'm Sorry, I'll Read That Again, series two, episode nine.



Acaba de continuar.

Kusturica é realista apenas nas imagens de arquivo, com as quais segura o filme firmemente à sua cidade, para poder depois esticar o filme para lugares de as regras serem outras. A música de Goran Bregović ajuda a maior parte das sequências do filme a fugirem-se a serem verosímeis, e quase todas as cenas despejam-se em escapadas surreais, porque lá fora a guerra rebenta sobre Belgrado. No entanto, a ubiquidade da banda não serve só os propósitos da fantasia. Serve também a cultura nacional, a tradição, serve o tempo e o sangue e a música cigana. Representa o povo que está sempre lá. Enche de corpo a memória.
“Nós somos aquilo que lembramos”, diz George Steiner, e os ciganos são que levam séculos de trazer a Europa toda nos pés. Foi perseguindo o sol, de onde ele é manhã até onde ele é tarde, que tomámos todo o chão até ser Atlântico e não haver mais chão. Foi com os pés que vimos a última praia, e continuámos à procura de outra ainda mais última. A sua relação com o chão continua diferente, o chão só é o deles enquanto eles lhe são coisas em cima. Vem de sempre o eterno sentimento europeu de não estarmos onde verdadeiramente somos, de ser sempre ligeiramente mais ali o nosso bocado de terra, mas de devermos a este onde nos temos uma espécie de protecção constante, porque é neste afinal que nos temos. Como se vê nos contos de Mančevski, as razões que nos levam a matar são eternamente menos válidas do que as que nos levam a morrer, porque com o fim do corpo adiamos o fim da terra ou dos filhos ou o nosso fim, e passamos a ser memória que fica amarrada ao chão. Kusturica esconde-nos debaixo do chão porque para protegermos o chão tem o chão de nos proteger. O mesmo faz o chão de Tanović. A Jugoslávia dos três filmes é uma terra feita muito mais de lembranças do que de chão. Tanto o subterreno de Belgrado como os montes da Macedónia e o buraco de guerra da Bósnia são o menos referenciados possível, porque não é preciso que sejam os filmes a ter as referências, mas as pessoas. Os filmes aumentam-se então das memórias de cada pessoa que os vê, e que neles encontra pedaços do seu país, e das pessoas do seu país, e da memória colectiva de um mesmo país onde moramos há toda a idade da Europa. Só há um país na Europa, e por isso anda Kusturica e Tanović e Mančevski e andamos todos à procura do sítio em forma de linha onde ele acaba, e anda Angelopoulos eternamente à procura também. Deve ser porque sentem os gregos o tempo de outra maneira, nasceram quase todos já alguém o tinha escrito, falava-se em poemas das viagens e de continuamente andar, e assim é o tempo, continuamente andar, e procurar porventura um sítio onde o tempo acabe e comece doutra maneira. Mas antes de acabarem as coisas há sempre o nevoeiro que não deixa ver onde acabam, tudo é subitamente fosco e vago, como as memórias crescem também vagas e indefinidas. Os poemas de Angelopoulos são andar eternamente à procura, mas devagar. A guerra torna tudo mais urgente, e por isso os outros filmes são compassos autoritários de música, são folclore, são minas que se encolhem debaixo do chão, são chuva que espera para cair. Andar à procura é, afinal, estar para sempre à espera da chuva que vai cair.
Tanto é verdade Steiner quando diz que trazemos livros na cabeça como seria se dissesse que trazemos a Europa na cabeça, tal como a trazemos nos pés. O futuro, no entanto, nunca o trazemos na cabeça, mas sempre só nos pés. Conhece-se o futuro apenas com cada passo que acabámos de dar. Por isso nenhum dos filmes acaba, eventualmente fá-lo-ão com o tempo, mas nunca se espere que acordemos um dia e os filmes se tenham fechado, nunca se julgue que a Europa acabou de ser caminhada toda pela primeira vez, e que decidimos finalmente onde vamos ficar, e ficamos. RC



Primeira parte da Biblioteca António Lobo Antunes de Poetas Não Falhados. RC

[a refusal to mourn the death, by fire, of a child in london]

Never until the mankind making
Bird beast and flower
Fathering and all humbling darkness
Tells with silence the last light breaking
And the still hour
Is come of the sea tumbling in harness

And I must enter again the round
Zion of the water bead
And the synagogue of the ear of corn
Shall I let pray the shadow of a sound
Or sow my salt seed
In the least valley of sackcloth to mourn

The majesty and burning of the child's death.
I shall not murder
The mankind of her going with a grave truth
Nor blaspheme down the stations of the breath
With any further
Elegy of innocence and youth.

Deep with the first dead lies London's daughter,
Robed in the long friends,
The grains beyond age, the dark veins of her mother,
Secret by the unmourning water
Of the riding Thames.
After the first death, there is no other.

[in THOMAS, Dylan - The Poems of Dylan Thomas. [s.l.]: New Directions, [s.d.].]






A capa do primeiro single do terceiro álbum e a capa do primeiro single do terceiro álbum versão vinil e a capa do segundo single do terceiro álbum. RC



Woman I think your love means nothing.
Man As in tennis, you mean?
in I'm Sorry, I'll Read That Again, series two, episode two.



Continua.

Atravessa-lhes o impreterível da guerra. Em todas as histórias a guerra sai aos
personagens da pele, como um dever que lhes decorre do direito da terra. E no entanto também a guerra advém da própria terra, da eterna disputa pelo direito a ela. O território jugoslavo levava no início da década de 90 pouco mais de setenta anos de corresponder a uma unidade que lhe impuseram no fim da I Guerra Mundial. Nasceu como a pátria devida aos povos eslavos da península balcânica, depois de séculos de domínio austro-húngaro e otomano. No entanto, valia uma unidade falsa, que agrupava várias etnias eslavas que se dividiam entre o desejo de estabilidade política e a vontade de ocuparem uma pátria própria, do seu tamanho. Nos filmes encontram-se todos os tamanhos de nações, e por isso todos os tamanhos da guerra. Entre o relativo afastamento macedónio e o conflito activo das regiões da Bósnia e da Sérvia, os três realizadores entendem todos a guerra à partida não como aquilo que desmembra um povo, mas como aquilo que atravessa os vizinhos uns contra os outros, que desdobra as famílias, e que corta cada pessoa entre si própria.
O filme No Man’s Land, de Ðanis Tanović, é o único que é feito depois de a guerra ter acabado, e é por isso o único que sabe já o seu fim quando se propõe fazer o retrato do conflito. É, de todos eles, o mais realista, no sentido em que leva a sua narrativa directamente para o centro da terra de ninguém, e todo o filme nos aparece sempre da cor do chão, e do sangue, e nos obriga a entender que a guerra é por causa do chão, e do sangue. Quando constrói a sua trincheira em 2000, Tanović goza já da distanciação que lhe permite não fazer um filme sobre a mecânica da guerra, mas sobre as verdadeiras questões que toda aquela região levanta. Os seus soldados lutam com armas em vez de perguntas, porque ambos levam a verdade nas dobras do corpo, e só lá se apercebem que levam ambos a verdade no corpo. Pode perguntar-se de quem é a terra afinal, já que o desenho da Jugoslávia resultou mais de um acto político que de uma verdade popular. Corresponde à pátria de que nação? Os eslavos do sul são um conjunto de nações ou um conjunto de etnias? E se são nações, porquê arrumá-los todos no mesmo país?
Na verdade dos filmes, poucos sítios há que sejam mais cinematográficos do que uma trincheira. O chão, onde todas as outras pessoas andam e tiram cultivos da terra, fica acima, noutro nível, e enterrados como os soldados só aqueles de entre os vivos que morrem. O chão abre-se para engolir os homens que lutam, protege-os com o compactado da terra. As trincheiras dos filmes disfarçam-se de serem sítios a sério, quando verdadeiramente são sítios onde os homens vão deixar de ser, onde se vão esquecer porque lutam, e onde só se lembram de tentar não morrer. Nesse sentido, os homens de Tanović são declaradamente personagens porque perguntam a guerra, em vez de lhe tentarem escapar, nem que seja só ao não pensarem nela. As tábuas que seguram a terra, e os buracos no corpo e o pó e o fumo, esses, parecem verdade, para que nem por um segundo os homens tenham de o ser, e por isso nos juntamos às perguntas escavando pelas respostas. Em Tanović, a guerra pergunta-se. Em Kusturica não.
Chegamos ao fim de quase três horas de filme para o realizador nos avisar que o filme não tem fim. O filme, afinal, fez-se levava-se a guerra lutando, e estreou em Maio de 1995, mas hoje vemo-lo e o filme continua a escusar fechar-se, porque continua eternamente cíclico e, por isso, eternamente aberto e eternamente fechado. Parece Kusturica dizer-nos que os jugoslavos levam a guerra no sangue, e por isso periodicamente ora lhes está na cabeça, ora lhes está nas pontas dos braços, ora lhes está por detrás dos olhos, mas nunca lhes poderá sair do corpo sem que sangrem eles e se esvaziem. Viver é viver apesar da guerra, e a paz é também paz apesar da guerra. E cinquenta anos a guerra foi sempre guerra, mesmo quando cá em cima as coisas se seguravam pacíficas, debaixo do chão a luta continuava de punhos levantados, e de canos de espingardas, como se fosse o chão afinal aquilo que queriam furar morto. Porque o chão se defende para sempre como se defende uma pessoa da família, como uma coisa que nunca não existiu, e “a guerra não começou verdadeiramente enquanto irmão não mata irmão”. Lutam as pessoas contra o chão para o defenderem, e morrem-lhe em cima para passarem a ser parte dele. Logo é a terra de ninguém de Tanović não a trincheira escavada no chão mas o próprio chão da Jugoslávia, terra de ninguém mas partilhada, onde se entendem as pessoas que depois se matam, e se entendem e se matam ciclicamente.
Ciclicamente. O filme de Milčo Mančevski é ainda mais evidentemente circular. Podem as pessoas sair da Jugoslávia, mas dita o chão que lá têm de ir morrer, assim como podem as pessoas matar, mas dita a lei que terão de morrer. A lei é a do povo, é a mesma que defende o quintal e os animais do rebanho, é a mesma que vinga um filho ou um irmão, é a mesma que levanta as pessoas do chão pela sua pátria. É uma lei de nação, de instinto, de cultura quando cultura é a terra e o vivermos-lhe todos. Houve nos povos da Jugoslávia, no início da década de 90, uma vontade maioritária de segurarem-se todos juntos, mas algumas medidas políticas reorganizadoras fizeram com que se criassem os movimentos e partidos nacionalistas que levantaram a guerra de novo. A circularidade dos três filmes, de acabarem todos como haviam começado e de sempre terem tido já fim, é qualquer coisa de verdadeiramente europeu, de intrinsecamente balcânico, e de interiormente humano. RC



[bluebells]

Lucy, remember,
the smell of that fall,
the fires of fungus,
and the rotting leaves,
I fell off the wagon,
into your arms,
into this long month of sundays,
you were my husband,
my wife,
my heroine,
now this is our final December,
now deep in a forest,
losing all thought of spring,
and nothing can help me remember,

And I'm going nowhere fast,
A darker day has hold at last,
deep in a dream,
I set the converse to spinning,
and your love has come too late,
I wait from the garden gate,
wake me up,
when the bluebells are ringing,

Now that it's over,
after all that we had,
a river runs through the rafters,
down, down, down,
so leave me sleeping,
dreaming only of spring,
and a phone rings out and I remember,

But I'm going nowhere fast,
A darker day has hold at last,
deep in a dream,
I set the converse to spinning,
and your love has come too late,
now wave to the garden gate,
wake me up,
when the bluebells are ringing,

Ringing,
ringing out,
ringing,
when I hear them ringing, my love,
when I hear them ringing,
(ringing)

[in The Magic Position, by Patrick Wolf, 2007.]





Posso interessar-vos numa espécie de ensaio sobre cinema dos Balcãs (em três partes)?

A ideia de Europa esconde-se permanentemente debaixo dos pés, debaixo das ruas, troca-se às mesas dos cafés, debruça-se das pontes, mas sente-se continuamente. Encontramo-nos todos convencidos de haver uma identidade comum na Europa, de nos sentirmos sempre em casa onde quer que estejamos, de o frio de Londres ser o nosso frio e de as pedras de Roma nos terem saído do corpo, de o Eixample não nos doer nos pés e de as ruas de Paris nos serem decalcadas das veias. E no entanto, a Europa há-de ser sempre o nosso corpo que não cresce mais, que se atrapalhou inevitavelmente de pele, e ao qual falta chão. Só no fim do séc. XX nos vimos confrontados com esse problema. Durante séculos contornámos essa necessidade de sermos mais espalhando a tal ideia de Europa pelos outros continentes, procurando desenterrar sempre mais corpo onde pudéssemos ser, mas sempre as colónias se seguraram apenas pela sua própria força da terra, porque o projecto de uma Nova Europa diluía-se enquanto seguia levado nos barcos, e depois chegava-se à savana e ele não cabia no chão, e nem os indígenas o conseguiam encaixar neles mesmos e nas famílias e na maneira como duravam e sempre tinham durado. As colónias europeias sempre se fizeram apesar dos nativos, e sempre foram por isso levantadas por pessoas que nada sabiam do chão. Quando fomos obrigados a devolver-lhes a terra, encontrámo-nos encolhidos de volta no mesmo velho corpo, e subitamente não lhe cabíamos todos. As nações multiplicavam-se, e encostavam paredes, e as pátrias enchiam-se agora de pessoas que não lhe eram, e as pessoas que lhe eram erravam continuamente à procura de chão.
Como diz Theo Angelopoulos, “a minha única casa é ao lado de alguém que conduz um carro que parte”. Há em todos os europeus uma necessidade inata de andar continuadamente, e de esperar encontrar eventualmente o chão que nos tiraram debaixo dos pés, talvez porque todos os caminhos darão sempre inevitavelmente à pátria onde já vivemos uma vez, e porque nenhum de nós aprendeu nunca a ser sem um braço de raiz. A identidade prende-se ao solo, e por isso combinamos todos a sensação de estarmos sempre em casa, onde quer que seja Europa, e de estarmos continuamente longe de casa, desatados da terra, e errantes. Somos europeus porque nos perdemos dentro de casa, porque sempre cá vivemos e sempre desconhecemos os muros. É a perenidade das paredes que não sabemos. É as paredes serem mais da memória do que de pedra, e lembrarmo-las todos como no-las ensinaram. Cada nação levanta então as suas paredes, incorpóreas, e cada pessoa promete-se não as cruzar mas acaba-se sempre do outro lado, onde continua a Europa, e cada pessoa leva as suas próprias paredes nas fronteiras do corpo. Cada pessoa tem a sua lembrança de país.
Se as fronteiras são da memória, o chão europeu risca-se de todas as memórias de todas as pessoas, e o problema dos limites da Europa é um problema dos limites da memória. Há, por isso, tantas Europas como europeus, e uma pátria só deixa de ser quando morre a última pessoa que lhe viveu, que a manteve levantada, e que a lembrou sempre que se estendia do outro lado da montanha, e por onde segue o rio, e debaixo dos pés. Só assim se percebe a eterna identidade da Europa e o ela ser infinitamente desdobrada, e só assim se percebe a multiplicação dos Balcãs. A memória, pelo contrário, não é inata. Pode impor-se facilmente, seja pela força das armas ou pela urgência das ideias. Pouco é preciso para que uma coisa que sempre foi deixe de o ser, e é talvez por essa identidade estilhaçada que a elasticidade do chão lhe permita ser o país que as pessoas lembrem que seja, e que novas pátrias acabem por ser a única que sempre existiu e aquela que nunca se quis que existisse.
O cinema desenha forçosamente países que se regem por outras regras, que se permitem incompletos, incoerentes, esquissados por poucas pessoas e por isso eternamente falíveis. São países pequenos, da memória só de quem os escreve, e por isso sem memória. Mas o que lhes falta em tempo enche-se de serem obrigatoriamente eficazes a fingir esse tempo. E isso vê-se substancialmente mais urgente quando se desenham países em guerra, países que todos os dias esquecem o tempo que têm e se tentam fazer todos os dias de novo. Os três filmes que pudemos ver representam três desenhos de guerra inevitavelmente diferentes porque foram três pessoas inevitavelmente diferentes quem os construíram. RC



O último trabalho de Beckett, O poema What is the Word, foi escrito na cama do lar onde passou os últimos dias de vida. RC

[what's the word]

folly -
folly for to -
for to -
what is the word -
folly from this -
all this -
folly from all this -
given -
folly given all this -
seeing -
folly seeing all this -
this -
what is the word -
this this -
this this here -
all this this here -
folly given all this -
seeing -
folly seeing all this this here -
for to -
what is the word -
see -
glimpse -
seem to glimpse -
need to seem to glimpse -
folly for to need to seem to glimpse -
what -
what is the word -
and where -
folly for to need to seem to glimpse what where -
where -
what is the word -
there -
over there -
away over there -
afar -
afar away over there -
afaint -
afaint afar away over there what -
what -
what is the word -
seeing all this -
all this this -
all this this here -
folly for to see what -
glimpse -
seem to glimpse -
need to seem to glimpse -
afaint afar away over there what -
folly for to need to seem to glimpse afaint afar away over there what -
what -
what is the word -


what is the word

[in bed]



Apresento-vos, desta vez a mexer-se, o melhor standuper do mundo. RC



- Não acho grande piada a Neruda
disse eu, e de volta
- Como não?
perguntaram-me, e disseram ainda que
- Neruda é genial para quem está apaixonado
e convieram uma pausa para depois
- Nunca estiveste apaixonado? RC

[si tu me olvidas]

Quiero que sepas
una cosa.

Tú sabes cómo es esto:
si miro
la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe,
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hacia las islas tuyas que me aguardan.

Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.

Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado.

Si consideras largo y loco
el viento de banderas
que pasa por mi vida
y te decides
a dejarme a la orilla
del corazón en que tengo raíces,
piensa
que en ese día,
a esa hora
levantaré los brazos
y saldrán mis raíces
a buscar otra tierra.

Pero
si cada día,
cada hora
sientes que a mí estás destinada
con dulzura implacable.
Si cada día sube
una flor a tus labios a buscarme,
ay amor mío, ay mía,
en mí todo ese fuego se repite,
en mí nada se apaga ni se olvida,
mi amor se nutre de tu amor, amada,
y mientras vivas estará en tus brazos
sin salir de los míos.



O facto de termos todos um grande respeito pelas pessoas da indústria de fazer filmes é grandemente por causa de eles conseguirem efectivamente fazer filmes. RC





[london]

Smoke
Lingers 'round your fingers
Train
Heave on - to Euston
Do you think you've made
The right decision this time?
You left
Your tired family grieving
And you think they're sad because you're leaving
But didn't you see the Jealousy in the eyes
Of the ones who had to stay behind?
And do you think you've made
The right decision this time?
You left
Your girlfriend on the platform
With this really ragged notion that you'll return
But she knows
That when he goes
He really goes
So And do you think you've made
The right decision this time?

[in The World Won't Listen, by The Smiths, 1987.]



Vou todos os dias ler Pedro Mexia, porque sempre o li muito igual a muito eu. Escreve-se ele sempre com medo de se encontrar, e sabendo-se inevitável, como quem sai à rua para procurar a pessoa que não quer ver.
Hoje senti ainda mais frio do que está porque me sentei com ele em Leicester Square, e com ele fui às livrarias, e encontrei-me entre os livros que se afundam nas estantes, atrás dos da frente onde poucos procuram. RC



Countryman My old granny used to say: If it do rain for a thirty days, in the merry month of May, then it's practically June.
in I'm Sorry, I'll Read That Again, series one, episode six.



[les chats]

Les amoreux fervents et les savants austères
Aiment également, dans leur mûre saison,
Les chats puissant et doux, orgueil de la maison,
Qui comme eux sont friluex et comme eux sédentaires.

Amis de la science et de la volupté,
Ils cherchent le silence et l'horreur des ténèbres;
L´Érebe les eût pris pour ses coursiers funèbres,
S'ils pouvaient au servage incliner leur fierté.

Ils prennent en songeant les nobles attitudes
Des grand sphinx allongés au font des solitudes,
Qui semblent s'endormir dans un rêve sans fin;

Leurs reins féconds sont pleins d'étincelles magiques,
Et des parcelles d'or, ainsi qu'un sable fin,
Étoilent vaguement leurs prunneles mystiques.

[in BAUDELAIRE, Charles - Les Fleurs du Mal. [s.l.]: Pocket, 1989.]




. DS



Acho que é assim que se escreve em greco-germânico.

NOTA: É possível que tenha hífen antes do Eszet. RC



No misterioso silêncio em que te enterras / Lêem-se os livros mais baixo / Do que nas estantes das bibliotecas, / E lêem-se com timbre de pó, / Não há dia que mais tema que o dia / Em que te vi espelho, / Hoje emprestei um livro a um homem que não conheço / E tinhas outro para mim



Alguma vez vos contei a história de John Pane? RC

[the horse's teeth]

The three fucking horsemen of the apocalypse with glasses in their hands
and fucking smiles in camera's lenses
arrived from the hot land
(on the hot land)
bringing famine and death and disease and this that follows is the story of one of them
riding in his horse a blue blooded machine with leather seats riding throughout the land and not looking anyone in the eyes he rode and rode and brought forth the laughter to the people
people knew nothing of him knew nothing of his existence
but people laughed and lived with fucking smiles on their faces
and one day he arrived here the purring of his horse quieted and he arrived
people stared narrowed their eyes and stared at the void of his and it was then
(and only then)
that they knew laughter and where it came from
on top of his horse burried in a cage of metal or merely riding around the laugher ceased to be natural
it got bigger and bigger and people knew now what they were laughing from and the fucking smiles were filled with rotten teeth and high-pitched noises
it was him
and while he rode the land people started to rely on him to laugh
to need him
to depend on him
until one day the engine began and a new road and it led to new lands and new people and people knew not what to say
for goodbye is hard to say while laughing and to stop laughing is hard too
but he did ride forth on that road and did not come back
his back diminishing on the sight
and people froze
their teeth fell off and their tongues choked them to death and from that day no more laughter was heard on the land until someone understood
the fucking horseman of the apocalypse
for it is not when he arrives that he brings famine and death and disease
but when he leaves
that is what is left back under his hooves the golden dried out leaves crushed on the land
until that day
(in the future)
when someone will not remember him and will laugh again
maybe then he is back from the world
(you know)
and noone noticed.

[in PANE, John - Poems from the Other Side of the Mountain. New York: Arrow, 1986]





A minha única casa é ao lado de alguém que conduz um carro que parte.
~ Theo Angelopoulos.



[geronimo]

While they have been eating
The rain has started falling,
Gradually gathering in strength.
What began a drizzle
Has now become torrential
And doesn't look like coming to an end.

The two bedraggled figures
That huddle in the doorway
With nothing vaguely waterproof to wear
Are now secretly wishing
They'd listened to their mothers
When being told to always be prepared.

Screaming: 'Geronimo!',
They run for it down the road.
With an arm around her waist
He leads her to a place
He knows.

Soaked through but happy,
They squelch up to the landing.
The room before them makes a welcome sight.
The coal fire is throwing
Strange shapes upon the hearthrug
And crying out to be knelt down beside.

She pulls off her jumper
And flings it in the corner.
He picks it up and hangs it on a chair.
She puts on a record
And sings into her coffee.
He puts a blanket round her, sits her down and dries her beautiful hair.

[in Promenade by The Divine Comedy, 1994]





Perguntem às pessoas que vivem nas estantes e elas vão vos dizer que só há sete pessoas diferentes em todo o mundo, e que vamos sendo os dois iguais todos os dias. RC



[the raven]

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visiter," I muttered, "tapping at my chamber door
Only this, and nothing more."

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow; -- vainly I had tried to borrow
From my books surcease of sorrow -- sorrow for the lost Lenore --
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore
Nameless here for evermore.

And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me -- filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating
"'Tis some visiter entreating entrance at my chamber door
Some late visiter entreating entrance at my chamber door;
This it is, and nothing more."

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you " -- here I opened wide the door; --
Darkness there and nothing more.

Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the darkness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"
Merely this, and nothing more.

(...)





A nova (e por 'nova' quer-se dizer 'só-no-próximo-cd-nova') chama-se Augustine e pode ouvir-se no terceiro vCast. RC



Para quem quer saber o que ando eu a fazer, acontece que escrevi um conto, e aqui está ele em versão ouvir. RC

*[com o alto patrocínio de Mozart, Schubert e Neil Hannon**.]

** [Início e fim de Charge, do album Casanova dos The Divine Comedy.]





[as manhãs]

Das manhãs

Apenas levarei a tua voz

Despovoada

Sem promessas
sem barcos
E sem casas

Não levarei o orvalho das ameias
Não levarei o pulso das ramadas

Da tua voz

Levarei os sítios das mimosas
Apenas os sítios das mimosas

As pedras
As nuvens
O teu canto

Levarei manhãs E madrugadas

[in FARIA, Daniel - Poesia. Vila Nova de Famalicação: Quasi, 2006.]



Roy Mallard How much do most of us know about the daily lives of our ordinary, unsung, fellow-members of society?
What’d it really be like to be a farmer, a doctor, a soldier, a teacher, an artist, a postman?
Well, it would be incredibly tiring.
So in People Like Us we’ll be looking at people with just one of these jobs,
and following them through a typical day.
Thursday.
We’ll be meeting real people, not actors.
Though of course I don’t mean to imply by that that real people can’t act.
Merely that actors aren’t real people.
in People Like Us (Radio), series one, episode one.



[em especial aos domingos]

Em especial aos domingos
quando ninguém está em casa
aí por finais de Junho
subo ao terraço
para perceber além dos muros
a cidade silenciosa

+

[a borboleta]

Contente mesmo contente
estive na vida muitas vezes
mas nunca como na Alemanha
quando me libertaram
e me pus a olhar uma borboleta
sem vontade de a comer.

+

[a névoa]

Às vezes a minha aldeia
fica presa dentro da névoa
e os pássaros em silêncio sobre os ramos
olham o céu sujo
como o observas tu
dentro do teu carro.

[in GUERRA, Tonino - Histórias para uma noite de calmaria. Lisboa: Assírio & Alvim, 2002.]



[Só mais uma dose de Campos, feita a tesoura e cola por mim. RC]

Na rua cheia de sol vago há casas paradas e gente que anda.
Uma tristeza cheia de pavor esfria-me.
Pressinto um acontecimento do lado de lá das fronteiras e dos movimentos.
Passei nas ruas como qualquer pessoa,
mas não vejo mais contra uma espécie de lado de dentro das pálpebras,
que eu, eu mesmo.
O dia deu em chuvoso.
Abram-me todas as janelas!
Arranquem-me todas as portas!
Puxem a casa toda para cima de mim!
Puxem a cidade toda para cima de mim!
Quero viver em liberdade no ar,
Quero ter gestos fora do meu corpo,
Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo,
Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras.

[in CAMPOS, Álvaro de - Poesias de Álvaro de Campos. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990.]



[tenho]

Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos contra a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar.
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.

Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.

Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e da aspirina.

[in CAMPOS, Álvaro de - Poesias de Álvaro de Campos. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990.]





[somewhere i have never travelled]

somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near

your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose

or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the colour of its countries,
rendering death and forever with each breathing

(i do not know what it is about you that closes
and opens; only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands

[in cummings, e.e. - Complete Poems: 1904-1962. [s.l]: [s.n], [s.d.].]





Porque não, em dia de boas notícias? RC

[foolish love]

I don't want to hold you and feel so helpless,
I don't want to smell you and lose my senses,
And smile in slow motion with eyes in love

I twist like a corkscrew, the sweetness rising
I drink from the bottle weeping
Why won't you last?
Why can't you last?

So I will walk without care, beat my snare,
Look like a man who means business
Go to all the poshest places with the familiar faces
Terminate all sings of weakness
Oh, all for the sake, all for the sake of a foolish love

I will take my coffee black, never snack,
Hang with the wolves who are sheepish
Flow through the veins of town, always frown,
Me and my mistress the princess
Oh, all for the sake, all for the sake of a foolish love, yeah yeah

So the day Noah's Ark floats down Park, my eyes will be simply glazed over
Or better yet I'll wear shades on sunless days,
And when the sun's out, I'll stay in and slumber
Oh, all for the sake, all for the sake of a foolish love
For the sake, all for the sake of a foolish love

'Cause, I don't want to hold you and feel so helpless,
I don't want to smell you and lose my senses,
And smile in slow motion with eyes in love

[in Rufus Wainwright by Rufus Wainwright, 1998]







[
RC Quem é o personagem mais coninhas da história de Portugal?
DS D. Sebastião.
]

[a última nau]

Levando a bordo El-Rei D. Sebastião,
E erguendo, como um nome, alto o pendão
Do Império,
Foi-se a última nau, ao sol aziago,
Erma, e entre choros de ânsia e de presago
Mistério.

Não voltou mais. A que ilha indescoberta
Aportou? Voltará da sorte incerta
Que teve?
Deus guarda o corpo e a forma do futuro,
Mas Sua luz projecta-o, sonho escuro
E breve.

Ah, quanto mais ao povo a alma falta
Mais a minha alma atlântica se exalta
E entorna,
E em mim, num mar que não tem tempo nem 'spaço,
Vejo entre a cerração teu vulto baço
Que torna.

Não sei a hora, mas sei que há a hora,
Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora
Mistério.
Surges ao sol em mim, e a névoa finda:
A mesma, e trazes o pendão ainda
Do Império.

[in PESSOA, Fernando - Mensagem e Outros Poemas Afins. Mem-Martins: Publicações Europa-América, [s.d].]









[poema pouco original do medo]

O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no tecto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
óptimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projectos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo
(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

[in O'NEILL, Alexandre - Poesias Completas. Lisboa: Assírio & Alvim, [s.d.].]



Na categoria Chiça,-Que-Filmalhaço-! RC





[poema em linha recta]

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe —todos eles príncipes— na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

[in CAMPOS, Álvaro de - Poesias de Álvaro de Campos. Mem Martins: Publicações Europa-América, 1990.]



[the ballad of reading gaol]

(...)

VI

In Reading Gaol by Reading Town
There is a pit of shame,
And in it lies a wretched man
Eaten by teath of flame.
In a burning winding-sheet he lies,
And his grave has got no name.

And there, till Christ call forth the dead,
In silence let him lie:
No need to waste the foolish tear,
Or heave the windy sigh:
The man had killed the thing he loved,
And sí he had to die.

And all man kill the thing they love,
By all let this be heard,
Some do it with a bitter look,
Some with a flattering word,
The coward does it with a kiss,
The brave man with a sword!

[in WILDE, Oscar - De Profundis, The Ballad of Reading Gaol & Other Writings. Hertfordshire: Wordsworth Classics, 1999.]



[the origin of love]

When the earth was still flat, and the clouds made of fire
And mountains stretched up to the sky, sometimes higher
Folks roamed the earth like big rolling kegs
They had two sets of arms, two sets of legs
They had two faces peering out of one giant head
And they could watch all around them, and they talked while they read
And they never knew nothing of love
It was before the origin of love, origin of love

And there were three sexes then
One that looked like two men glued back to back, called the children of the sun
And similar in shape and girth were the children of the earth,
They looked like two girls rolled up in one
And the children of the moon were like a fork shoved on a spoon
They were part sun, part earth, part daughter, part son
Origin of love

Now the gods grew quite scared of our strength and defiance
And Thor said:
I'm gonna kill them all with my hammer, like I killed the giants.
And Zeus said:
No, you better let me use my lightning, like scissors
Like I cut the legs off whales, and dinosaurs into lizards.

Then he grabbed up some bolts, and he let out a laugh, said:
I'll split them right down to the middle, gonna rip them right in half.
And then storm clouds gathered above into great balls of fire

And then fire shot down from the sky in bolts, like shining blades of a knife
And it ripped right through the flesh of the children of the sun, and the moon, and the earth
And some Indian god sewed the wound up into a hole,
Pulled it 'round to our belly to remind us of the price we pay
And Osiris and the gods of the Nile gathered up a big storm,
To blow a hurricane, to scatter us away
In a flood of wind and rain, and a sea of tidal waves to wash us all away
And if we don’t behave, they'll cut us down again
And well be hopping round on one foot, looking through one eye

Last time I saw you, we had just split in two
You were looking at me, and I was looking at you
You had a way so familiar, but I could not recognize
'Cause you had blood on your face, and I had blood in my eyes
But I could swear by your expression
That the pain down in your soul was the same as the pain down in mine
That's the pain, cuts a straight line down through the heart, we call it love
So we wrapped our arms around each other, trying to shove ourselves back together
We were making love
It was a cold dark evening such a long time ago, when by the mighty hand of Jove
It was the sad story how we became lonely two-legged creatures
It's the story of, the origin of love
That's the origin of love, origin of love, origin of love

[in Hedwig and the Angry Inch Original Soundtrack, lyrics and music by Stephen Trask, as covered by Rufus Wainwright in Wig in a Box]



[poema]

Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes . . loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina . . realmente . . os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como os amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos . . e na boca

[in CESARINY, Mário - Pena Capital. Lisboa: Assírio & Alvim, 2004.]



Permitam-me que vos conte uma historinha. Em conversa sobre livros, provavelmente uma das únicas em que se aprende sempre alguma coisa, dei por mim a declarar com alguma veemência que nunca fui muito com poesia. "O'Neill?", "Nunca li", "cummings?", "Não", "É impressionante que me digas que nunca foste muito com poesia porque há coisas que tu escreves que têm muito de poesia", "Pois não sei". Tiremos então os vinte e quatro dias do natal para mergulhar de cabeça na arte de dizer com pouco. Acompanham-me? RC



Hoje andei por sítios estranhos, daqueles que têm a ver com sótãos, árvores de dois metros e meio de plástico, bolas vermelhas, renas dos chineses que piscam
(são as renas que piscam, não os chineses),
fitas douradas e todas as coisas que justificam este feriado, no fundo é feriado para que possamos fazer todos a árvore de natal. DS

*(Não é defenestrar uma das melhores palavras da língua portuguesa? RC)



Secção 67: Pessoas que admiro com óculos geniais,
Secção 33: Pensionistas que admiro,
Secção 42: Mestres,

Parabéns Mestre Woody. RC


Hoje


01|dezembro|2006

The many faces of robert webb.
Isso do ricardinho acabou.

(Rufus Wainwright | Rules and Regulations
> from Release the Stars)



A ler Frost de Thomas Bernhard e ouvir e a ver coisas que se fôssemos aqui a pô-las todas havíamos de chegar atrasados a sítios onde temos horas para chegar.

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