[poema]
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas no próprio seio dela
intensamente amantes
. . loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem
Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina
. . realmente
. . os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como os amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos
. . e na boca
[
in CESARINY, Mário -
Pena Capital. Lisboa: Assírio & Alvim, 2004.]
0 pessoas acharam bem comentar “01|dezembro : Mário Cesariny”
Leave a Reply