O processo chama-se Cantar-Por-Cima. RC,

This Time Tomorrow, pelos The Kinks*

This time tomorrow where will we be?
On a spaceship somewhere sailing across an empty sea?
This time tomorrow what will we know?
Will we still be here watching an in-flight movie show?
I'll leave the sun behind me and watch the clouds as they sadly pass me by
Seven miles below me I can see the world and it ain't so big at all
(Well), This time tomorrow what will we see?
Fields full of houses, endless rows of crowded streets?
I don't where I'm going, I don't want to see
I feel the world below me looking up at me
Leave the sun behind me, and watch the clouds as they sadly pass me by
And I'm in perpetual motion and the world below doesn't matter much to me
(Well), This time tomorrow where will we be?
On a spaceship somewhere sailing across an empty sea?
(Well), This time tomorrow where will we be?
(Well), This time tomorrow what will we see?
This time tomorrow


[*e pela pele de uma série de actores franceses.]



O filme chama-se Les Amants Réguliers, de Philippe Garrel, e cheguei a ele porque nele entra o filho dele, Louis Garrel, o Théo do sublime The Dreamers, e por causa destes três minutos do filme, que não consigo parar de ver e ver outra vez.



Agora tenho aqui para ver o resto do filme e não apanho uma do que eles dizem. Uma sou capaz de apanhar, mas não apanho duas. OK, duas apanho, não são é seguidas. RC



House So. You're a faith healer. Or is that a pejorative? Do you prefer something like 'divine health management'? I thought God might have mentioned I was coming.
Boyd I'm Okay with 'faith healer', Doctor House.
House Oh! That's a nice one. You didn't even go with 'I see an H and a medical coat'.
Boyd The nurses talk about you a lot.
House Ah. Don't believe them. I keep a sock in my pants.
in House, M.D., season two, episode nineteen.



House God talks to him?
Chase It's not psychosis, he's just religious. The only medical issue that showed up on the blood work is low sodium.
House No, you talk to God, you're religious. God talks to you, you're psychotic.
in House, M.D., season two, episode nineteen.



Vladimir You're not unhappy? (The Boy hesitates.) Do you hear me?
Boy Yes Sir.
Vladimir Well?
Boy I don't know.
Vladimir You don't know if you're unhappy or not?
Boy No Sir.
Vladimir You're as bad as myself.
in Waiting for Godot, by Samuel Beckett.



Suki I sometimes feel that the past is never past.
Russell What do you mean?
Julie You mean that yesterday is today?
in Celebration, by Harold Pinter.
[O título roubei-o a José Gomes Ferreira.]



Foreman Why would your mind go to abuse so fast?
House Cause I had a funny uncle.
Foreman You were abused?
House What? No! Why did your mind go to that so fast?
in House, M.D., season two, episode thirteen.





Cameron How would you describe my leadership skills?
House Nonexistent. Otherwise, excellent.
in House, M.D., season two, episode nine.





Regressam. Aqui. RC



Estava eu a limpar uma gaveta e encontrei isto, que escrevi há um ano mas que meti numa gaveta.

Um dia miserável são os meus desejos
vinte e dois de agosto de dois mil e cinco
bate a meia-noite e de repente deixas de ser dezoito finalmente um homenzinho agora sim, digo eu a quatro meses de distância
e cem quilómetros também
- Aniversários
(parabéns zê)
Não são mais do que efemérides de boa educação, não cabem dentro dos feriados mas são coisas que por uma questão de boa educação devem ser assinaladas
são fogos de artifício que rebentam dentro do ego de uma só pessoa e ninguém mais quer saber mas
por uma questão de boa educação
(quando não é mais do que isso)
mandam-se cartas postais mensagens apertos de mão a dizer Parabéns
(parabéns zê)
e do lado de lá há um ego que incha a roçar nas paredes do estômago
mas há alturas em que as pessoas que se lembram são as que não interessam são números de telemóvel sem nome são nomes sem cara são caras sem significado nenhum e continuam a dar parabéns
(parabéns zê)
porque querem gritar bem alto Eu estou aqui e lembrei-me
e do lado de lá só um ego a implodir de desejos que para ele vazios
(pausa)
dezanove o dia do dezanove cresceste finalmente? cresceste no algarve entre poças de água e sal e periscópios de plástico fizeste caras para objectivas e pessoas de cartão atrás
com copos na mão e sorrisos de trinta e um porcento de álcool a desfazerem-se
mas cresceste
(férias inesquecíveis pixeis dentro de discos e olhares turvos e para sempre a recordação do fim de se ser puto do fim de se ser puto)
e quando voltas ao mundo do outro lado do teclado as pessoas de sempre os amigos e à volta uma bacia de azulejos cadeiras de plástico e goladas de cloro e mais um dia
(...mais um ano)
efemérides de boa educação agradecem-se com mais boa educação mesmo aquela boa educação congelada de quem vomita obrigados numa mensagem escrita para vários
(obrigado quem és tu?)
ou se calhar não se agradecem o que é que eu sei? sei que
, no fundo,
cresces um dia de cada vez e hoje foi mais um
(e o melhor sempre)
e não desejo um dia miserável nada disso junta-te a quem se lembrou e continua a crescer e começa o amanhã com um copo.
Parabéns zê. RC





Ando desde ontem à procura de um saco de plantinhas destas, para fazer um
(ou qualquer coisa que se pareça com um)
pesto. Chama-se basílico, e não se arranja em lado nenhum. Espalhai-vos, e encontrai. RC



E o mais giro é que eu sou uma destas pessoas. RC





O crítico de arte do Guardian está esbracejando com as mãos no ar em revolta com a mais recente exposição de Ron Mueck. Mueck mudou-se para Edinburgh durante este mês para encher as salas das National Galleries enquanto as pessoas vão enchendo as ruas. Agosto é o mês do Edinburgh Fringe Festival, o maior festival de teatro e comédia de todo o mundo, onde nascem para a vida quase todas as pessoas que vamos todos amar daqui a uns anos.
O que Jonathan Jones não admite é que alguém possa, e já nem digo amar, mas sequer achar parcialmente giro o trabalho de Mueck. Mueck é um artista australiano que faz enormes esculturas hiperrealistas do corpo humano, mas de um corpo humano específico. Um corpo quase sempre feio, às vezes em situações extremas, ou em esforço ou resignação. Os corpos são sofridos, doem-nos também, enjoam-nos nos olhos mas temos de lhes voltar.
Quem gosta da obra de Mueck, diz Jones, devia sair à rua mais vezes. Devia ir ver exposições dos grandes mestres. Não devia vir atrás dos modelos de Mueck só pelo circo mediático que o persegue sempre.
E continua a esbracejar, e aos berros. Ron Mueck é um daqueles fenómenos que só vamos perceber mesmo quando olharmos para trás daqui a uns anos largos. Eu gosto dos modelos, porque me vejo a olhar para eles mais fundo e mais tempo. São arte? Não sei. Não ocupam o lugar de ninguém nem se substituem a nada. São mais uma maneira de falar, num outro tom de voz, e com outras palavras. Às tantas o coração que têm debaixo da resina vai bater-lhes durante pouco. RC

[Para uma dose de antiácido, o que outra pessoa mais bem disposta escreveu sobre a exposição.]



E que só se pode no dia 3 de outubro.
Pois sim. RC


[The Decemberists, The Crane Wife]



- Tu, preciso de falar contigo



- Sobre?

- Nada.



- (?)




- Preciso de me ouvir contigo. RC





[O rapaz era eu. O comboio ia mesmo parar. DS]





São quatro e mais que meia da manhã, e ouço música de esponjas nos ouvidos.
Venho de ter ido ver The Lake House, filme que quase quase conseguiu não me irritar. Mas depois chegou o fim, e o argumentista resolveu fechar a história com um não muito interessante
- Pronto, ora tomem lá um rebuçado agora e não digam que vão daqui
que, além de não funcionar com o resto do elaborado e até aí perfeito cruzamento das duas histórias, nos faz sair do cinema a pensar que
- Mas espera aí
(pausa)
- Foi isto?, É assim que isto acaba?
e sim, porque depois vêm as letras, e porque as luzes se levantam, parece que é assim mesmo.
O que toda a gente sabe é que este é o filme em que ela está num ano e ele noutro. É um processo giro, admito, onde parece que se aprende a recuperar algum do romantismo que foi violentamente atropelado
(- Ops, o que tu foste dizer)
em todos os filmes pós-modernos
(- Hein?)
que se vão fazendo à volta das relações que nascem em chats e coisas assim. A dinâmica
(- Estás parvo, que texto imbecil é este?, só falta usares a palavra Explorar)
Nunca-Te-Vi,-Mas-Aprecio-te é uma que é delicioso explorar
(- Ok, recuso-me a continuar a ler este texto),
mas o fim destrói qualquer vontade que restasse de pensar no verbo que o filme nos manda aprender a conjugar
(- Hei)
que é o verbo Esperar
(- Mas o filme acaba assim porque ele terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo esperou)
e que a única certeza que há depois de esperar é mais esperar. Sempre.
Depois há um subplot com um pai que fez uma espécie de estufa na margem de um lago. Onde
(pergunto eu)
é que aquilo é Frank Lloyd Wright?
(pergunto eu)
pois se o que o mestre fazia era usar o terreno e o que este coninhas faz é estender uma passadeira e depois pôr uma casa em cima de uns paus? Como a arquitectura é um pretexto, e como a casa olha de costas para o lago, não a ouço sequer,
arquitectura é algo mais, é fechar os olhos e ouvir as paredes, é sentir a luz na pele, é mãos e é cheiros
- Não é, rapaz?
(DS)
- Rapaz?
Mas depois, lá pelo meio, encontro Nick Drake, e sorrio à tela.
São mais que cinco da manhã, e ouço música de esponjas nos ouvidos. RC



Phoebe Ugh, Let's just cut her out!
Monica What?
Phoebe Cut her out of our lives. Just ignore her calls and dodge her 'til she gets the point.
Monica Oh, I guess we could try that, but it seems so harsh. (to Chandler) Have you ever done that?
Chandler No. Had it done to me though. Feels good.
in Friends, series ten, episode three.



Deixa lá. Volta lá à tua vida. Voltei a precisar de ti mais do que devia. RC





Mais um fascículo da muito interessante série Vejam-Lá-Se-Apanham-Esta-Piada, e ainda por cima um fascículo especial que aproveita para vos apresentar o trabalho de Chris Morris
genial satirista inglês cujo corpo de trabalho ando a descobrir obsessivamente por estes dias,
e esta piada é uma das fake news que enchiam o programa de rádio On the Hour, em 1991-2. RC
Vejam-Lá-Se-Apanham-Esta-Piada,

A High Court trial using the latest genetic techniques has found the defendant’s DNA guilty this afternoon. The evidence showed that the Nucleic Acid which encodes the body’s structure and behaviour had caused the man to become a robber. Passing sentence, the judge said the man was free to go, but ordered that his DNA should be confiscated and imprisoned in a special cell.

(Para perceber a parte mais gira desta piada é preciso saber um bocadinho de biologia e inglês.)



Para a maior parte das pessoas, Hugh Laurie
(- Quem?)
Ah, é verdade, esqueci-me da possibilidade de não saberem sequer o nome dele
(- Quem?)
Hugh Laurie é só o Dr. Gregory House, que vai chegando cá com um atraso de só uns meses
(a segunda temporada de House, MD acabou nos US of A este verão e é essa que passa na TVI),
mas o que torna a personagem do aleijado doutor uma das melhores da tv que se vai fazendo é muita da mestria que Hugh Laurie tinha já há vinte anos, quando gravou
com Stephen Fry
(- Quem?)
Hmmm... este é mais difícil de explicar
...
mas continuem comigo
o pilot de A Bit of Fry and Laurie, um sketch show que acabei por descobrir no ano passado mas que está agora a ser editado em DVD pela Beeb.
Fica aqui uma música que ele escreveu para esse pilot, e que voltou a cantar este ano.
O Stephen é o sujeito do nariz estranho que o apresenta. RC



De volta. RC

Superhomem ~ Frank Lloyd Wright

Do céu caiu uma nave em chamas
Lá dentro um miúdo
Mais forte que o catano
Mais forte que o catano
Catano, Superhomem, catano

Ele andou na escola
E quando tinha treze anos
Ficou mais grande que um armário
Que um armário
Armário, Superhomem, armário

Foi para a cidade trabalhar
Com uma moça bem jeitosa
Mas para ela não saber usava uns óculos coninhas
Coninhas, Superhomem, coninhas

Quando os tirava e punha o fato
e punha as botas de cano alto
voava as voltas lá no céu
e de quando em vez salvava coisas
coisas, Superhomem, coisas

Mas havia um careca de olho na moça
que não gostava do Superhomem
quer dizer o careca é que não gostava porque a moça
em podendo saltava-lhe para a espinha
espinha, Superhomem, espinha

Depois ela descobre que o coninhas é o Superhomem
mas isso é só lá mais prá frente
se este filme fizer dinheiro e não for um fiasco
fiasco, Superhomem, fiasco.



Já há muito que não falava aqui de parvoíce feita por quem sabe
(e nada dos meus Espécie de Coisos)
e já que encontrei isto vou aproveitar e dizer que isto é muito bom.
Depois da última série dos Python em 1974, cada um foi trabalhar mais ou menos por sua conta
(Cleese e o seu Fawlty Towers, Palin e Jones e os seus Ripping Yarns, Gilliam e os seus filmes)
e Eric Idle, o único dos Python que escrevia sozinho, foi fazer mais um sketch show. E enquanto as outras séries de que falei acima existem em DVD, este Rutland Weekend Television nunca foi repetido pela BBC nem editado em nenhum formato. No entanto, circulam pela net com grande qualidade os 14 episódios que foram feitos, e são todos perfeitas meias-horas de humor verbal e de soluções visuais impressionantes. Este clip é do especial de natal, e eu dou por mim a regressar a ele de vez em quando. RC


Hoje


01|dezembro|2006

The many faces of robert webb.
Isso do ricardinho acabou.

(Rufus Wainwright | Rules and Regulations
> from Release the Stars)



A ler Frost de Thomas Bernhard e ouvir e a ver coisas que se fôssemos aqui a pô-las todas havíamos de chegar atrasados a sítios onde temos horas para chegar.

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