[Nota da Redacção: este post é chapadinho de um que eu fiz aqui em abril, mas a ausência de coragem continua a ser uma grande porra].Nunca tivemos tempo, não é, uns para os outros, e agora é tarde, estupidamente tarde, ficamos assim a olhar-nos, ausentes, estrangeiros, cheios de mãos supérfluas sem bolsos para ancorar, à procura, na cabeça vazia, das palavras de ternura que não soubemos aprender, dos gestos de amor de que nos envergonhamos, da intimidade que nos apavora. (...) Nunca é agora entre nós, é sempre até domingo, até sexta, até terça, até ao próximo mês, até para o ano, mas evitamos cuidadosamente enfrentar-nos, temos medo uns dos outros, medo do que sentimos uns pelos outros, medo de dizer Gosto de ti.
[
in ANTUNES, António Lobo,
Explicação dos Pássaros, p23]
Eu concordo plenamente com tudo o que aqui está escrito. Simplesmente isto. Adorei, subscrevo e revejo-me em quase todo o texto.