pessoas da minha vida, cheguei a uma idade em que não me posso dar ao luxo de ler livros maus, o tempo não dá e não merece o prurido; só na minha estante da esquerda há livros bons para anos, livros para três vírgula cinco guerras de média duração; por isso entrei num ciclo de qualidade vitalício que vai alternando entre uma meia dúzia de escritores, e a eles volto sempre e pronto, nunca mais uma nuvem à conta de um livro mau, meia dúzia: antónio lobo antunes, samuel beckett, harold pinter, james joyce, george orwell, javier marías, thomas bernhard, philip roth, oscar wilde, e. e. cummings, possivelmente mais que meia dúzia, conto viver muito ainda, salinger, claro, jonathan safran foer, albert camus, eugène ionesco, a lista positivamente multiplica-se, uns levam aos outros, woody allen, vou obviamente esquecer-me aqui de alguém, dostoievski, a questão não é essa; a questão é que em regime de controlo de pressa vou dar-me um mês inteiro para o próximo livro, todo o mês de abril, dez páginas por dia, e quer-me parecer que cada página vai ter uma coisa pelo menos que me seja fundamental verter para aqui, começa assim o
projecto:FROST, primeiro romance de thomas bernhard, mil novecentos e sessenta e três, e porque eu não domino o alemão, scheiße, scheiße, vou ter de o ler em inglês; tenho-o ali também em espanhol, castelhano de espanha, espanhol de madrid, e só ler a primeira frase já demonstra que traduttore, traditore, italiano tem graça que também não controlo, mas trair é essencialmente algo bonito se for bem feito, isso toda a gente sabe