Vim agora de ver CAPOTE, decididamente um dos filmes mais bem escritos, filmados e montados de todo o sempre. O argumento está cheio de silêncios e de cortes inspirados,
nenhuma cena diz mais do que é preciso,
e a cinematografia cheia de luz e de sombra (e tudo só para filmar Capote) serve bem um dos melhores personagens de cinema de sempre. Philip Seymour Hoffman é genial na composição, mas também foi-lhe dado um pequeno tesouro neste personagem,
Truman Capote é um homem extremadamente idiossincrático, personagem dentro de si próprio ainda mais
camp numa sociedade que o admira de longe, e um homem que descobre o livro da sua vida no coração de um assassino. As mãos de Philip Seymour Hoffman, o lábio de cima que treme, os olhos quase metálicos e a postura recta trazem-nos um escritor que se divide entre o fascínio por um monstro e o dever pela sua obra. Nos anos sessenta americanos, Capote é um metrossexual no seu
overcoat que se entrega a uma história e que se destrói por dentro.
A realização é sublime de espaços vazios e largueza de campo, e Hoffman rouba cada uma das cenas em que está. Foi o Oscar da noite que me soube melhor e não há outra casa em que ele pudesse estar. Definitivamente.
RC
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- preciso dele.”
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