Desde quinta, já fiz quase trezentos quilómetros. Muita coisa tem quase acontecido nestes dias, principalmente prazos que me imponho e que depois
- Mas quê? já tamos a desrespeitar?
e é verdade que sim, e hoje passei a minha hora de almoço no afonso, enquanto olho por um dos vidrinhos, daqueles que mostram o que está para trás, e vejo que se aproxima um mar de cinzento um balde de água em forma de nuvem
e a que está dentro da minha cabeça não entendo porque há algumas maneiras de a fazer esfumar-se
e eu já as previ a todas
e não há nenhuma com que eu avance para secar de vez a chuva e
entretanto, por aqui, o céu ja desabou, o cinzento do céu transforma-se em água ao tocar nos vidros, e as pálpebras de escovas do afonso não me parece estarem a cumprir,
o cimento das casas lá fora enche-se de ondas ao refractar-me no vidro, dou uma vez à alavanca, e o mundo volta a ser limpo
e feito de linhas outra vez.
RC
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