Bono, simpático vocalista dos U2 e criador de todas as músicas de bónus que vêm em todos os CD de todó mundo,
foi escolhido pela revista Time como uma das pessoas do ano. Entre outras coisas relacionadas com África e os pobrezinhos, por causa da organização do Live8. E é quando eu me preparo para dizer
- Eu estava lá
que me perguntam
- Mas lá mesmo? lá no meio daquela multidão tresloucada?
e aí eu tenho de responder
- Hmm (reticências) ehpá não isso não.
Eu estava lá, só que umas centenas de metros ao lado. A Londres de dois de julho era, de facto, uma cidade amalucada. Aos portões de Hyde Park as pessoas sentavam-se pelo chão com sandes. Make Poverty History lia-se em t-shirts e até na pulseirinha de borracha que eu trazia no pulso. Do outro lado da cidade, uma parada gay desfilava bandeiras com as cores do arco-íris debaixo de uma chuva de confettis. Eu gosto de cidades amalucadas. Mas a verdade é que quando eu soube que lá ia estar no dia 2, os bilhetes já tinham esgotado. Restava-me Jonathan Ross com um fato amarelo limão na BBC1. E as ruas cheias às quatro da manhã.
Já quando fui a Paris foi a mesma coisa. Cheguei cá e perguntaram-me
- Então subiste à Torre Eiffel? aquilo é realmente espectacular não é?
e eu Não (vírgula) não subi
- Não? mas foste andar de barco não foste? aquilo também é muito giro
e eu Não (vírgula) não cheguei a andar de barco
- A sério? mas foste à Disney não foste? aquilo é tão tolo
e eu Não
- Ehpá tu foste a Paris e não fizeste nada dessas coisas? é como se não tivesses ido
porque lamber Paris com os pés, perder-me nas prateleiras da Shakespeare & Co., comer crepes de chocolate debaixo da Torre, comer tapetes encharcados em molho béchamel, nada disso é Paris.
Eu, de facto, estava lá. Só que ligeiramente ao lado.
RC
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