Margarida Pinto faixa um, rearrumação de Álvaro de Campos. Apontamento.
RCA minha alma partiu-se como um vaso vazio
Caiu pela escada excessivamente abaixo
Caiu das mãos da criada descuidada
Caiu, e eu fiz-me em mais pedaços que a loiça que havia no vaso
Fiz barulho na queda
Como um vaso que se partia
E os deuses que há debruçam-se da escada
Para ver o que a criada fez de mim
Não se zanguem com ela
São tolerantes com ela
Asneira? Impossível? Sei lá
Tenho mais sensações que quando me sentia eu
Asneira? Impossível? Sei lá
Tenho mais sensações que quando me sentia eu
A minha alma partiu-se como um vaso vazio
Caiu pela escada excessivamente abaixo
E os deuses que há debruçam-se da escada
E sorriem à criada
Não se zanguem com ela
São tolerantes
A minha alma partiu-se como um vaso vazio
Caiu, partiu-se, caiu
A minha alma partiu-se como um vaso vazio
Caiu, partiu-se, caiu
Ai, o que era eu? O que era eu?
Um vazo vazio
O que era eu? O que era eu?
Alastra a escadaria atapetada de estrelas
Um caco brilha entre os astros
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
E os deuses olham-na por não saber porque ficou ali
Asneira? Impossível? Sei lá
Tenho mais sensações que quando me sentia eu
Ai, o que era eu? O que era eu?
Um vazo vazio
O que era eu? O que era eu?
Ai, o que era eu? O que era eu?
Um vazo vazio
O que era eu? O que era eu?
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