Ando há uns tempos a adiar uma carta de amor aberta ao homem que me ensinou a defender-me
que me mostrou que a comédia é arma dos franzinos,
que me ensinou a descobrir e a ir procurar coisas
quando gozava com a história e eu queria perceber as piadas,
que pela primeira vez me disse que o mundo é tão grande
e que não fica longe, se quisermos,
que me desafiou a ir cada vez mais longe, a testar-me, a aprender mais de mim,
que me apresentou os seus mestres, que eu adoptei como meus,
que me fez escolher isto como profissão com que vou para o desemprego,
que me deu as primeiras aulas de como pegar no mundo como ele está e parti-lo contra a parede
como um homem eternamente puto, sempre culto e sempre à procura,
e que ainda hoje, dez anos depois de eu ter feito pela primeira vez aquela voz que ele fazia
(em frente ao meu primeiro público)
continua a ensinar, a cada palavra, e a cada dia.
Parabéns mestre, e defender-te-ei sempre, pelo que me ensinaste. Pelo que sou.
RC